Qual o santo do dia? Como surgiu a tradição da polenta? Quais as colônias fundadas pelos imigrantes italianos no Rio Grande do Sul? Quem são os expoentes da música e da literatura no dialeto talian? As respostas a essas perguntas, e muito mais – incluindo provérbios, histórias de antigamente, curiosidades, arquitetura, história e até "la santa messa" – estão no recém-lançado Almanaque Talian (Araucária Edições, 192págs., R$ 50), organizado pelo professor e pesquisador Darcy Loss Luzzatto, 82 anos, de Pinto Bandeira.
Fruto de vários anos de pesquisa, o livro remete aos antigos almanaques, geralmente vinculados a uma marca ou produto e que traziam uma mescla de informações variadas e entretenimento, como os almanaques do Biotônico Fontoura, do Capivarol e da Saúde da Mulher. O conteúdo, entretanto, é um resgate da cultura trazida pelos imigrantes italianos que colonizaram a Serra gaúcha, mais especificamente dos trivêneto-lombardos.
– Na verdade, os almanaques costumavam ser folhetos de 24 páginas, mas esse demorou tanto a sair... – brinca Luzzatto, sobre o formato "de peso" da obra que assina.
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A ideia do livro, conta o organizador, surgiu há mais de dez anos, e foi revigorada com o movimento recente de ensino da língua talian em escolas da região. A maior parte do material foi escrita ou compilada pelo próprio Luzzatto, mas há também colaborações do frei Rovílio Costa (falecido em 2009), que escreveu sobre os imigrantes e a religião; do arquiteto Julio Posenato, que abordou a arquitetura; e do escritor e político vêneto Ettore Beggiato, colaborador na parte dedicada à história. Já as "histórias de antanho", com o original em talian e a tradução em português, são de vários autores.
Cultura
"Almanaque Talian" revisita a tradição dos antigos almanaques
Obra, organizada por Darcy Loss Luzzatto, traz compilação de informações culturais, religião e costumes dos imigrantes italianos
Maristela Scheuer Deves
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