É mais do que bem-vinda a reedição do livro Literatura Gauchesca: do Cancioneiro Popular à Modernidade (Educs, 318págs., R$ 38), de Lisana Bertussi. Lançada originalmente em 1997, a obra da patrona da recém-encerrada 32ª Feira do Livro de Caxias do Sul acaba de voltar às livrarias, atualizada e trazendo um recorte desse universo, por meio da prosa e da poesia produzidas em solo gaúcho.
– O livro traça um panorama para não iniciados na literatura gauchesca – sintetiza a autora, que no próximo dia 9 fará sessão de autógrafos na Feira do Livro de Porto Alegre.
Leia também:
Escritora caxiense é indicada do Prêmio Jabuti por livro de contos
Poeta Sérgio Vaz defende educação e inclusão social através dos versos
3por4: Associação dos Livreiros diz que Feira do Livro serviu ao lazer
Abraçar libera hormônio que combate o estresse
A obra começa por introduzir as origens dessa literatura (situadas no movimento romântico, no Século 19) e pontuar seus diversos momentos, do cancioneiro popular aos poetas da Califórnia – ali, são lembrados desde o Cancioneiro Guasca, seleção feita em 1910 por Simões Lopes Neto, até Tertúlia, de Jader Moreci Teixeira, passando ainda pelas rimas de Tatu e Chimarrita, entre outras.
Seguem-se dois ensaios, De Prenda a Mulher, que analisa a evolução da imagem feminina na poesia regionalista gaúcha (passando de uma fase em que a mulher era vista como objeto até sua conquista de respeito e empoderamento), e Do Guasca ao Tatu, no qual é abordada a construção e a desconstrução do mito do gaúcho por meio da literatura.
O mais interessante do livro, entretanto, é o que vem na sequência: uma espécie de antologia da prosa e do verso gauchescos, sempre introduzidos por uma pequena biografia dos autores e análise crítica. Essa compilação divide-se em duas partes, uma abrangendo as letras gaúchas no Século 19 e outra, no Século 20.
Na primeira, após apresentar uma seleção de textos retirados do Cancioneiro Guasca, de Simões Lopes Neto, do Cancioneiro Gaúcho, de Augusto Meyer, e do Cancioneiro da Revolução de 1835, de Apolinário Porto Alegre, Lisana analisa a obra de cinco autores do período: José Antônio do Vale Caldre e Fião, Apolinário Porto Alegre, Múcio Teixeira, Bernardo Taveira Júnior e Lobo da Costa.
Na seção referente ao Século 20, o leitor encontra Simões Lopes Neto, Ramiro Barcelos, Aureliano de Figueiredo Pinto, Vargas Netto, Darcy Azambuja, Jayme Caetano Braun, Apparício Silva Rillo, Cyro Martins e Barbosa Lessa, acrescidos de grandes nomes que fizeram a história da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, como Luiz Coronel, Telmo Lima de Freitas e Sérgio Napp.
Um livro para servir de referência no assunto – tanto para não iniciados quanto para iniciados.
