"Mas e aí, Caminha, agora tu tá tocando baile?". Um dos principais estudiosos do violão riograndense, Marcello Caminha tem escutado perguntas como esta ultimamente. É que o 13º disco da carreira do músico é uma grande homenagem a esse importante pilar da sonoridade sulista: o baile. O álbum Com Violão Também se Dança – que Caminha lança em Caxias nesta sexta – é resultado de uma minuciosa pesquisa sobre o estilo, mas não representa nenhuma ruptura no modo como o violonista trata sua música. Ou seja, ninguém vai ver Caminha tocando baile por aí, não, mas um pedaço importante da história dos bailes está incorporado nesse trabalho mais recente.
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– É totalmente diferente do que eu já fiz, minha vertente é a dos festivais, é a da milonga. Tive de me puxar para ir por esse caminho mais alegre, com letras que remetessem a essa coisa mais leve – explica Caminha.
A maior inspiração veio da obra "bailável" de Antoninho Duarte, violonista que fez história em diversos grupos gaúchos e tinha uma técnica muito própria de conduzir o instrumento. Ele foi o responsável por introduzir os solos de violão na música de baile.
– Eu sempre fui fã de Antoninho Duarte. Ele usava o violão dinâmico, que hoje é pouco usado, e tocava com dedeira, algo pouco usual na música gaúcha – conta Caminha.
O tal violão dinâmico é tão pouco difundido que Caminha não encontrou um para comprar. Precisou da ajuda de um luthier para confeccionar o instrumento, que tem estrutura interna metálica e encordoamento de aço. No álbum, Caminha celebra ritmos como a vaneira, o xote e a rancheira, buscando inspiração em sonoridades dos anos 1960 e 1970. Parte das faixas é cantada e outra parte, instrumental.
– Esse violão foi a linha de frente do trabalho. Voltamos no tempo e procuramos essa sonoridade bem vintage, como se diz – aponta o violonista.
Apesar de seguir se apresentando nos palcos de teatro – em Caxias ele estará no Pedro Parenti –, Caminha não concorda com a ideia de quem a música de baile seja "menor" do que aquela que habita os festivais, por exemplo.
– Eu diria que o contexto do baile é o mais condizente com o povo riograndense, com ritmos genuinamente brasileiros. Já a música nativista tem raízes mais voltadas à música de países vizinhos, como a Argentina – opina.
Além de divulgar o novo disco, o repertório que Caminha mostra em Caxias tem ainda canções de trabalhos como Imagens (2013) e do DVD ao vivo Influência (2015). No palco, o violonista também mostra a crença nas novas gerações convidando um artista jovem para participar do show em cada cidade que passa. O escolhido em Caxias foi o acordeonista Robison Boeira.
– Gosto de agregar, temos de fazer nossa parte pela renovação artística – diz Caminha.
PROGRAME-SE
:: O que: show de Marcello Caminha
:: Quando: nesta sexta, às 20h
:: Quanto: R$ 20 e R$ 10 (estudantes e idosos). Sócios do Clube do Assinante Pioneiro têm desconto de 50% (100 primeiros ingressos) e 20% (nos demais), à venda na Casa da Cultura, diariamente das 8h às 16h50min (sem fechar ao meio-dia)
:: Informações: (54) 3221.3697