Aos 60 anos, o ator Marcos Frota já fez um pouco de tudo. Teatro, televisão – foram cerca de 30 novelas desde 1976 –, cinema. E circo: há duas décadas ele mantém o Grande Circo Popular do Brasil, ou Marcos Frota Circo Show, bem como a Universidade do Circo (Unicirco), em que forma novos artistas.
Apaixonado por essa arte desde que interpretou um trapezista, 30 anos atrás, ele também mantém parcerias com circos como o Maximus, que estreia em Caxias no dia 13, no estacionamento do Shopping Iguatemi:
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– O Circo Maximus foi escolhido por mim, porque eu acredito muito nessa gestão mais moderna de circo hoje. Eu acredito no projeto, na maneira como é feito o espetáculo, e assim eu cumpro a minha função de ser embaixador do circo, comunicá-lo, colocá-lo na mídia.
Em entrevista ao Pioneiro, Frota falou de sua carreira, de personagens marcantes como Tonho da Lua, de Mulheres de Areia (1993) – que, revela, deve voltar no cinema –, de envolvimento social e, claro, de circo.
Confira:
Você é conhecido principalmente pelo trabalho na tevê; o circo veio antes, ou depois?
Eu comecei com o circo numa novela, Cambalacho, em 1985/86, em que fazia um trapezista. Fui do teatro para a televisão, da televisão para o cinema e para o circo. Ao fazer o trapezista na novela, eu me apaixonei pelo circo, fiquei encantado, e aí nunca mais parei.
Hoje em dia se vê uma glamourização do circo, por exemplo com o Cirque du Soleil. Como é o teu circo e como você vê esse afastamento do circo tradicional?
O Cirque du Soleil é um empreendimento que veio, de uma maneira ou de outra, ser um divisor de águas no segmento artístico circo. Tem muitos recursos e coloca toda a tecnologia a favor do espetáculo. Mas isso não tira o encanto de todos os outros circos, desde os mais pequenininhos, os mais simples, até os médios, os grandes. O meu circo hoje é uma referência da transição entre o tradicional e o mais moderno.
E como é o circo que está vindo para Caxias do Sul?
Eu escolhi alguns projetos de circo no Brasil para ter uma parceria. Hoje eu tenho de abrir mercado para uma nova geração de artistas. Então o Circo Maximus, que está estreando aqui no dia 13, aqui no Shopping Iguatemi, foi escolhido por mim, porque eu acredito na maneira como é feito o espetáculo e acredito muito nessa gestão mais moderna de circo hoje, que possa atrair parceiros, possa estar presente na mídia.
Fale um pouco da Unicirco, que você fundou.
Sempre achei que minha missão com circo não era uma função empresarial, ou de atitude financeira, eu sempre entendi o circo como uma atitude social minha, uma atitude de cidadania, por isso eu criei um programa chamado Universidade do Circo, que é para formar uma nova geração de artistas circenses. Essa é a minha missão hoje. (Na Unicirco) Tem tudo o que tem num circo, mais a dança, porque a dança hoje se junta com a acrobacia, complementa a acrobacia. Todos os números do circo recebem uma coreografia, então o novo artista do circo tem de saber dançar.
Em 40 anos de tevê você já fez dezenas de personagens, mas um dos mais lembrados ainda é o Tonho da Lua, de "Mulheres de Areia", novela exibida em 1993. Por que esse personagem marcou tanto?
O Tonho da Lua é um marco na minha carreira, eu até recebi recentemente um roteiro para levar a história do Tonho da Lua para o cinema. É impressionante como a novela, que está no ar novamente agora no canal Viva, é de uma época, datada, mas ele não, é um personagem atemporal. A explicação que eu dou, vendo agora, depois de quase trinta anos de ter gravado a novela, é que eu, Marcos, emprestei uma alegria para um personagem que beirava um pouco a questão trágica, pela deficiência mental, pelas atitudes descontroladas. Isso criou um encanto.
Que outros personagens marcaram a tua carreira?
Bom, no teatro eu fiz Feliz Ano Velho, do Marcelo Rubens Paiva, que fiz até no Teatro São Pedro, em Porto Alegre, que foi o personagem que me consagrou e me levou para a televisão. Depois na televisão teve o Jatobá (de América, 2005), que foi um personagem cego, importante para discutir a questão da pessoa com deficiência. E teve o Beto, com a Tancinha, eu e a Claudia Raia, numa novela chamada Sassaricando (1987/1988), também foi um sucesso imenso.
Como está tua carreira na tevê?
Estou em Malhação, fazendo o diretor da escola, que é uma participação mais institucional, assim, no sentido de discutir pontos importantes sobre a educação pública no Brasil. E o Tá no Ar (em que fez uma participação especial) é aquele programa de humor, em que eles pegam referências para poder brincar com aquilo tudo, mostrar ao público o outro lado da televisão. É sempre divertido. Eu fico preocupado em brincar um pouco com o Tonho da Lua, tanto no circo como na televisão, porque é um personagem muito "sagrado" na visão popular, eu não posso quebrar esse encanto que existe entre o Tonho da Lua e o público. Toda vez que me chamam para fazer piada com ele eu fico meio cuidadoso, porque é um personagem que mora realmente na imaginação do público brasileiro, não posso quebrar esse encanto.
E o roteiro sobre o Tonho da Lua, que você citou, há a possibilidade de o filme se concretizar?
Agora a gente entra numa fase de captação de recursos, é um momento delicado para o Brasil, mas a gente vai procurar captar recursos para que essa história possa ser de uma maneira ou outra eternizada. Vai para o cinema, ganha uma eternidade.
Você também está trabalhando no projeto de um filme com o Renato Aragão...
Acabei de fazer o filme dele agora, Os Saltimbancos Trapalhões 2 – Rumo a Hollywood, que foi todo ele feito no meu circo, na Universidade do Circo. Deve estrear nas férias, não sei se na metade do ano ou no final, na época do Natal.
Fale um pouco da tua participação no Movimento Direitos Humanos.
Eu participo do Conad, o Conselho Nacional sobre Drogas, e faço parte do Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência. É a minha maneira de emprestar um pouco o espaço, o prestígio que o artista tem, para de uma maneira ou de outra, despartar a consciência de cidadania. A gente quando chega num determinado momento da carreira, do trabalho, tem de retribuir.