Pensando na demanda cada vez mais expressiva de homens preocupados com a aparência, Jefferson Hoffmann juntou forças com empresária Marília Tondo Azambuja e organizou a feira Malehaus, que será realizada neste domingo, a partir das 13h, no Teatro do Moinho da Estação, em Caxias. A entrada é franca e o atendimento segue até as 22h.
- Percebi que existia feira para tudo, grávida, noiva, Ibitinga (risos)... mas nada direcionado ao homem - justifica ele.
A Malehaus terá 22 lojas, com produtos que vão desde chocolate de whey protein até acessórios, roupas e produtos de beleza. Também haverá palestras sobre estética (com assuntos como preenchimento e transplante de pelos, botox para homens, etc.) e sobre dicas de finanças. E, é claro, as mulheres também estão convidadas a participar.
- Pensamos na feira de uma maneira que elas também se sentirão incluídas - diz Hoffmann.
Para tentar desvendar um pouco do perfil do homem contemporâneo, o Pioneiro visitou duas barbearias: uma ao estilo tradicional, com quase 60 anos de história, e outra no estilo vintage, na ativa desde 2005.
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Aos fundos de uma das galerias mais tradicionais de Caxias do Sul, vestindo um alinhado jaleco branco e empunhando uma ágil tesoura de ponta, está uma testemunha da evolução do homem da década de 1950 para o homem contemporâneo. As mudanças foram sentidas enquanto Orestes de Andrade, 78 anos, atendia a diferentes pedidos de cortes de cabelo e estilos de barba. Coincidência ou não, quando abriu o Salão Senador, em 1958 - na galeria do Bar 13 - a moda masculina era pautada por elegantes ternos e chapéus, mas a barba não estava muito em voga. Hoje, sobram barbudos estilosos por aí, ainda que os bonés sejam mais comuns do que os chapéus. As barbearias voltaram a ser um negócio em expansão no formato retrô, com o foco voltado para o homem que deseja andar alinhado, numa versão repaginada daquele dos anos 1950/1960.
- Anos atrás não se usava muito barba, agora se usa de novo. Aumentou o serviço, é que os recortes da barba são difíceis de fazer em casa - diz seu Orestes, olhos vidrados na espuma Bozzano que assenta com cuidado sobre a pele do cliente.
- Aqui, o serviço é igual a 40 anos atrás - diz o dentista Ricardo Paglioli, 41, integrante da terceira geração de homens da família a oferecer cabelo e barba às mãos ágeis de seu Orestes.
Enquanto isso, na mesma Júlio de Castilhos, porém duas quadras em direção ao bairro de Lourdes, repaginar um serviço de décadas passadas é justamente o negócio da Barber Shop JH, que fica dentro do salão de cabeleireiros Estúdio Jefferson Hoffmann. Ali, tudo remete a outros tempos, desde o estilo do barbeiro - Sandro Rosa usa bigode e veste suspensório, ainda que com braços cobertos por tatuagens - às fotos antigas penduradas nas paredes, ou aos objetos retrôs expostos nas prateleiras (câmeras fotográficas analógicas, creme de cabelo Trim, etc.)
- Somos uma releitura da barbearia velha, a gente repaginou - diz Sandro.
Enquanto na Senador uma televisão de tubo está sintonizada na Globo, na Barber Shop JH uma tela fina exibe um clipe do "antigo/moderno" Jack White. As madeiras de demolição no teto e no piso da Barber Shop concedem um visual colorido ao lado de objetos retrô, já na Senador os móveis são antigos de verdade, da época em que Seu Orestes abriu o negócio, assim como o piso que ele diz estar precisando de reforma. Na Senador, os clientes são atendidos por ordem de chegada (sempre tem fila), enquanto na Barber Shop é preciso marcar horário, mas dá para fazer isso até usando WhatsApp. Um corte de barba na barber pode durar até 45 minutos, enquanto na Senador não costuma ultrapassar 15 minutos. Já as toalhas quentes que os clientes da barber adoram sentir no rosto já foram usadas por Seu Orestes no passado. O veterano as abandonou com o tempo e brinca dizendo que "com nosso clima, é perigoso o cliente sair e entortar o rosto".
Estilos à parte, fato é que a popularização atual da barba tem sido benéfica para os dois salões.
- O homem deixa a barba para se olhar de uma maneira diferente. A mulher também faz isso de outras maneiras - confessa Paglioli, na cadeira de Seu Orestes.