A segunda noite do MDBF começou com a vantagem do tempo seco. Desta vez, o público não precisou enfrentar o lamaçal que atrapalhou a movimentação na quinta-feira. Ainda com o sol brilhando, a banda uruguaia La Triple Nelson abriu os trabalhos no palco principal. Mesmo que ainda com poucas pessoas na plateia, os uruguaios pesaram a mão e fizeram um hard blues que animou o início da noite.
Confira a programação para a última noite do festival
Para balancear com as canções que não deixavam mentir a raiz rock do grupo, a banda encarou um cover da suave Little Wing, de Jimi Hendrix. O vocalista e guitarrista Christian Cary assumiu o domínio do palco, e no final, também da plateia, já que ele ultrapassou a grade de proteção, circulou pelas cadeiras e tocou ao lado de quem estava assistindo.
Na sequencia de La Triple Nelson, mas já em outro palco, Cristiano Crochemore & Blues Groovers repetiu o bom show da noite anterior e chamou o público que deixava o palco principal para o Front Porch Stage. Antes de passar a bola novamente para o Railroad, repetiram a música que emocionou na quinta-feira, Can't Find My Way Home.
A segunda atração do palco principal contou com um convidado ilustre. Na pequena arquibancada montada no palco, estava Bob Stroger, em seu terno verde. Ele não tocou na noite de sexta-feira, mas fez questão de se fazer presente e apreciar o show do norte-americano Wallace Coleman. A performance de Coleman não foi a mais emocionante da noite, mas provou porque ele é um dos harmonicistas mais requisitados do blues de Chicago. No final, fez questão de lançar aplausos e abraçar Stroger.
O xodó do festival continuou no palco para a atração seguinte, que era uma das mais esperadas do festival. James Wheeler, que não pode comparecer no ano passado por problemas de visto, fez um show de muita suavidade e improvisação. O tempo todo sentado, não fez falta que o senhor ficasse de pé, tamanha a energia que ele e os argentinos da Shakedancers trocaram no palco. Outra atração do festival acompanhou Wheeler, Sumito 'Ariyo' Ariyoshi assumiu os teclados e mostrou muito entrosamento num duo cheio de sensibilidade com Wheeler.
Assim que acabou o show de Wheeler, o que chamou a atenção no festival foi um grupo que nem estava anunciado. Mesmo com o vento gelado que fez todo mundo levar seus casacos pesados à estação, a Bando Celta, de Porto Alegre, fez muita gente se reunir, dançar e pular em um dos corredores de passagem com o estilo musical que une bluegrass, música celta e irlandesa.
A atração que fechou a noite aproveitou a onda de calor não deixou ninguém esfriar. Também pudera, com uma voz impecável e visual súper quente, Mud Morganfield entrou no palco com terno e gravata laranja e dedos cheios de anéis dourados. Acompanhado da Décio Caetano _ que merece destaque por sua performance irreparável na guitarra _ e The Headcutters, o filho de Muddy Waters provou que a genética trabalhou bem não só na voz, mas nos trejeitos e expressões. Morganfield tocou principalmente sucessos do pai, acompanhado por Ariyo no teclado e com uma plateia de peso: Bob Stroger, James Wheeler e Wallace Coleman.
Quase no final do show, Morganfield perguntou se haviam pescadores na plateia. Poucos levantaram a mão, mas entenderam o que ele queria dizer quando "pescou" garotas da plateia. Pediu que duas subissem ao palco. Acabaram subindo quatro, e toda elas atenderam _ mesmo que um tanto tímidas _ ao pedido do cantor de mostrar ao público "aquilo que a brasileira tem".
No final do show, Morganfield saiu apressado do palco. Quase não voltou. Mas depois dos pedidos de "mais um", encerrou com Mannish Boy.
O festival continua neste sábado, na Estação Férrea de Caxias.
Sem chuva
Atrações no palco e na plateia marcam a segunda noite do Mississippi Delta Blues Festival, em Caxias
Wallace Coleman, James Wheeler e Mud Morganfield foram prestigiados por Bob Stroger. Quem abriu a sexta-feira foi La Triple Nelson
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