A Serra Gaúcha é farta em nomes insólitos para seus municípios, distritos, linhas, passos, capelas, picadas, vales e centenas de pequenas localidades do interior. Um pouco dessa história foi garimpada recentemente pelo colega Andrei Andrade e publicada na edição de 18 de janeiro de 2019. Intitulada Do Arrepio ao Passo do Inferno: uma viagem pelas curiosas localidades dos Campos de Cima de Serra, a reportagem destacou a origem das denominações de outros pontos daquela região, como Faxinal dos Pelúcios, Várzea das Contendas e Matemático.
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Do Arrepio ao Passo do Inferno: uma viagem pelas curiosas localidades dos Campos de Cima da Serra
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Curiosidade semelhante norteou o trabalho do professor Jacy Waldyr Fischer, autor do livro Origem dos Nomes dos Municípios Gaúchos e de seus Distritos. Resultado de um trabalho de pesquisa de mais de 30 anos, a obra se destaca pela minuciosa coleta de dados que o autor tratou de garimpar, sempre comprometido com a história. Como destaca o professor Luís Augusto Fischer, na orelha do livro, trata-se de uma coleção de palavras e informações impressa de modo organizado, formando um tesouro compartilhado... esta toponímia é um presente, um legado e um aceno para o futuro. Confira o texto:
“Demonstrando rigor e erudição no trato com o material, Jacy Waldyr Fischer mostra que, se nada mais tivesse feito na vida, já teria, com o presente livro, marcado para sempre sua atuação como intelectual de relevo. Aliás, ficamos também sabendo que há mais de um quarto dos nomes de cidades e distritos com origem indígena – coisa que dá o que pensar, quando menos porque significa um laço do presente com o passado mais ou menos remoto, que alcança milhares de anos de presença humana nesta parte do planeta, bem antes da chegada dos europeus. O autor busca explicar a origem da nomeação e, quando é o caso, a origem das palavras que compõem o nome. Por que há uma localidade chamada, por exemplo, Erebango. (Está explicado lá dentro: palavra de origem caingangue, uma das três mais importantes línguas indígenas do território do atual Rio Grande do Sul, significa ‘campo grande’.)”.
ANTAS E RATOS
Você sabia que tem um município chamado Travesseiro? Há um arroio com esse nome que acabou batizando a cidade. Seria um aprazível local para descanso ou, mais provável, um local de travessia? “A toponímia pode ser de grande utilidade para esclarecer muitas questões históricas e geográficas “ diz Jacy.
Os nomes podem ter origem geológica (Cerrito do Ouro), mineralógica (Cristal), botânica (Canela, Pinhal), zoológica (Anta Gorda), hidrográfica (Arroio dos Ratos), abstrata (Alvorada) ou em nomes próprios (Getúlio Vargas). E mais, muito mais.
– E assim vamos viajando de nome em nome. Passamos por umas quantas localidades chamadas Vale, outras chamadas Passo ou Arroio. Lugares com nomes de árvores (Butiá, Ipê), de animais (algumas Antas), lugares designados com termos abstratos, até poéticos, como Harmonia e Feliz. Uma linda e competente coleção de verbetes, que o leitor não vai consultar apenas uma vez, mas frequentar com o gosto da renovada descoberta – finaliza o professor Luís Augusto Fischer.
Parte das informações desta página foi publicada originalmente na coluna Almanaque Gaúcho, do colega Ricardo Chaves, de Zero Hora.
O autor
Nascido em Santo Ângelo em 1928, Jacy Waldyr Fischer foi professor de técnicas agrícolas no Ginásio Agrícola Senador Pinheiro Machado e na Escola Municipal Liberato Salzano. Ele é comendador da Sociedade Partenon Literário e palestrante sobre colonização alemã e tropeirismo. Pesquisador autodidata, há três décadas se dedica ao estudo da toponímia do Rio Grande do Sul.
Como adquirir o livro
Por causa da pandemia, a obra deve ser adquirida diretamente com a Editora Diadorim por meio do endereço www.diadorimeditora.com.br. O livro, de 322 páginas, custa R$ 50.