As famílias pioneiras do distrito de Santa Lúcia do Piaí seguem sendo pesquisadas pelo historiador Éder Dall’Agnol dos Santos. Hoje, compartilhamos parte da trajetória dos Perini, cujo início remete a 1876, um ano após o início do processo de colonização na Serra Gaúcha.
Oriundo da pequena cidade de Mattarello, na província de Trento, o imigrante italiano Guerino Perini, a esposa Maria Ferrari – filha de Valentino e Catarina Ferrarri –, mais o cunhado Giovanni Battista e os filhos (Giovanni Battista, Enrico e Esperanza) chegaram à Colônia Caxias em 10 de outubro de 1876. Por aqui, a família recebeu o lote de número 4 do Travessão Umberto I, na 6ª Légua.
Já em em 22 de abril de 1895, Giovanni Battista Perini, primogênito de Guerino e Maria, casou com a jovem Maria Peteffi – filha dos imigrantes Bortolo Peteffi e Tereza Zanotti, então moradores do lote número 6 da mesma légua. Dessa união nasceu, em 28 de março de 1902, Guerino Perini, que recebeu o mesmo nome do avô imigrante. Foi também na 6ª Légua que ele conheceu a jovem Antonia Bonalume, filha dos imigrantes italianos Giuseppe Bonalume e Luigia Berti e nascida em 10 de março de 1900.
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O casamento
Guerino e Antonia casaram-se pelo civil no 1° Cartório de Caxias do Sul em 27 de novembro de 1920 – ele com 18 anos, ela com 20 –, nascendo dessa união os filhos Honorato (1922), Valdemar (1925), Iolanda (1929), Ettore (1932) e Orlando (1937).
Na década de 1920, a convite da família Bonalume, Guerino mudou-se para a localidade de Linha São Paulo, em Santa Lúcia do Piaí, nas proximidades do Arroio Macaco. No distrito já residiam a família de seu sogro, Giuseppe Bonalume, que havia comprado uma grande extensão de terras e montado uma casa comercial, na localidade que ficou conhecida como Zona Bonalume, atualmente Santo Isidoro.
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Atuação como carreteiro
Nas novas terras, Guerino Perini começou a trabalhar no cultivo do trigo e milho – mais tarde, ele construiria um moinho, onde fabricava a própria farinha, e uma serraria anexa. Além de agricultor, ele trabalhou em sociedade com o cunhado Angelo Bonalume (filho de Giuseppe) na casa de comércio e bar da Linha Bonalume.
Guerino se destacou ainda na produção de erva mate – produto bastante consumido na localidade _, na extração de madeiras brutas e como carreteiro, transportando seus produtos para outras cidades da região, como Nova Petrópolis, Feliz, Picada Café, Dois Irmãos, Ivoti, São Sebastião do Caí, Gramado, Canela e São Francisco de Paula.
Detalhe: como muitos outros agricultores da época que usavam carretas de tração animal, ele possuía uma carteira de habilitação para este meio de transporte. O documento foi expedido em 29 de maio de 1940, conforme vemos no detalhe abaixo.
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Doação de terras
Guerino Perini teve grande participação no desenvolvimento da comunidade de Santa Lúcia do Piaí ao longo do século 20, doando grandes extensões de terras para aberturas de estradas. Ele faleceu em 20 de agosto de 1972, aos 70 anos.Antonia Bonalume Perini, a esposa, faleceu dois anos antes, em 11 de novembro de 1970, também aos 70.
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Parceria
Colaborador da coluna Memória, o historiador Éder Dall’Agnol dos Santos vem pesquisando a trajetória de diversas famílias que ajudaram a colonizar o distrito de Santa Lúcia do Piaí desde finais do século 19. O trabalho, segundo ele, deverá ser transformado em livro em breve.
Moradores do distrito que tenham interesse em colaborar com fotos e dados sobre suas famílias ao longo do século 20 podem entrar em contato pelo e-mail ederdallagnol89@gmail.com ou telefone/whatsapp (54) 98449.9186.
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