Peças com história costumam ser "a joia da casa". A afirmação da empresária Michele Censi, linha de frente do Antiquário Art Rarus, é uma espécie de mantra. E encontra eco também nas observações que costuma ouvir dos clientes e arquitetos que passam pela loja da Rua Bento Gonçalves, centro de Caxias do Sul.
– Mesmo em um ambiente contemporâneo, as pessoas valorizam aquilo que se perpetuou no tempo. Há uma satisfação nisso, no caráter exclusivo e único – pontua a advogada por formação, que de cliente e apaixonada por antiguidades passou a proprietária do espaço, há cerca de seis meses.
A história por trás do objeto, a quem pertenceu, sua origem, data e outras curiosidades norteiam o trabalho da empresária não apenas na hora de adquirir a dedo as peças do acervo, mas ao oferecê-las a uma clientela exigente e com amplo repertório cultural.
Identificadas e distribuídas harmoniosamente pelos dois pavimentos da loja estão porcelanas inglesas, cristais, pratarias, lustres e luminárias em opalina, espelhos folhados a ouro, licoreiras, itens em murano e faiança francesa, artigos e mobiliário art déco dos anos 1920 e 1930 e cobertas de mesa completas, a maioria de procedência europeia e datada dos séculos 18, 19 e início do 20. Objetos de grifes como Cia das Índias, WMF, Bohemia e Baccarat (as taças da capa do Almanaque) convivem com esculturas em bronze de Bruno Giorgi e telas e gravuras de artistas renomados, como Heitor dos Prazeres, Aldemir Martins, Carlos Scliar e Cícero Dias.
Galeria de arte
Michele também busca fazer do antiquário um espaço de convivência e conhecimento sobre arte:
– A ideia é que as pessoas troquem informações, estabeleçam contatos, passem momentos agradáveis aqui.
Para isso foi criado recentemente o projeto O Anfitrião, em que um convidado define cardápio, organização da mesa, escolha das louças, talheres, utensílios e responde pelo cerimonial e lista de convivas do jantar, tudo em meio ao acervo da loja. O colunista social do Pioneiro, João Pulita, deu a largada, em abril, e a ideia é que o evento ocorre trimestralmente. Já no próximo dia 15 será a vez de Michele oficializar o Art Rarus como o espaço exclusivo de vendas das obras do artista plástico Sergio Lopes.
O conceito de exclusividade, aliás, remete a algumas histórias curiosas:
– Lembro que um cliente disse: "essa peça vai ser minha". Não levou na hora, e o objeto permaneceu no acervo, sem nunca vender, até ele retornar e adquirir – conta Michele.
Um episódio que exemplifica o ditado bastante comum entre consumidores de antiguidades "você não escolhe a peça, a peça escolhe você".
Referência
Há 12 anos no mercado de Caxias do Sul, o Art Rarus abriga hoje o maior acervo de peças orientais do Rio Grande do Sul, não trabalha com objetos consignados e, segundo Michele, quer se consolidar também como galeria de arte e espaço para lançamentos e demonstrações – dia 30 está previsto outro evento, desta vez de uma grife de joias.