A cinco meses da Festa Nacional da Uva 2019, que retorna após um intervalo de três anos, recordamos da edição que também marcou uma volta. Trata-se da festa de 1950, a primeira após a suspensão de 13 anos decorrente da Segunda Guerra Mundial e das restrições do período. Foi quando uma luxuosa publicação, editada pela Revista do Globo S.A., de Porto Alegre, buscou enaltecer os 75 anos da imigração italiana na região e tudo o que fora construído desde a chegada dos primeiros colonos, em 1875.
Fartamente ilustrado, o álbum também destacou a maquete do então futuro Monumento ao Imigrante, inaugurado quatro anos depois, em 28 de fevereiro de 1954. O texto da época assim destacava a obra, de autoria do escultor Antonio Caringi:
"O monumento a ser erigido na Pérola das Colônias representa um casal de pioneiros cheios de fé e esperança. Ela, numa atitude de prece. Ele, como que prescrutando o futuro, confiante na própria tenacidade. O grande obelisco, com cerca de 25 metros de altura, contados do nível do solo, simboliza a fé e possui três altos-relevos intitulados: doação das terras, progresso e defesa da pátria. Tanto o casal de imigrantes como o obelisco estão colocados sobre uma cripta, que será o início do futuro Museu da Imigração. A estátua do casal terá cerca de quatro metros e meio de altura e será executada em bronze. A pedra característica da região será aproveitada na realização do conjunto monumental, que servirá de centro à futura Praça do Imigrante, a ser construída no local — isto é, na entrada da cidade de Caxias do Sul, ao lado da Estrada Federal, na elevação fronteira a esta artéria pública".
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Mudanças
A pedra fundamental do Monumento ao Imigrante foi lançada em 25 de fevereiro de 1950, durante a visita do presidente Eurico Gaspar Dutra à Festa da Uva. Inicialmente uma homenagem local aos italianos e, posteriormente, estadual, o monumento ganhou uma abrangência macro após o presidente Getúlio Vargas visitar o atelier do escultor Antonio Caringi, no Rio de Janeiro, em junho de 1952.
Vargas declarou-o um Monumento Nacional, homenageando todas as etnias que colaboraram para o desenvolvimento do país — daí a inscrição "A Nação Brasileira ao Imigrante". É exatamente esse contexto misto o atrativo da cripta, denominada Espaço Cultural Antonio Caringi. Além de painéis, imagens e objetos abordando a imigração no contexto internacional, nacional e regional, uma exposição permanente de documentos fotográficos detalha a criação das estátuas.
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