Caxiense de nascimento, mas tido como o músico mais "a cara de Porto Alegre", onde reside desde os seis anos, Nei Lisboa retorna à cidade no próximo dia 19 de julho, na Casa da Cultura. A apresentação por aqui celebra um duplo aniversário: os 20 e 30 anos, respectivamente dos cultuados álbuns Hi-fi, de 1998, e Hein?, lançado em 1988 (leia mais abaixo).
Enquanto o show não chega, antecipamos uma preciosidade do bebê Nei Lisboa: a participação de nascimento, em 18 de janeiro de 1959, no Pioneiro do dia 24 (fotos abaixo). À época, a família morava na Rua Andrade Neves, 435, e comunicava aos "parentes e pessoas de suas relações o nascimento de seu filho".
Na sequência, os pais e irmãos de Nei no ano da chegada a Caxias, em 1957, pouco antes de o garoto nascer. A partir da esquerda estão os irmãos Eliane, Elaine, Noeli (no colo), Luiz Eurico, Helena e Rui, juntamente com os pais Eurico de Siqueira Lisbôa e Clelia Tejera Lisbôa.
— Como se vê, eu aboli o circunflexo do meu Lisbôa, pra simplificar, porque publicavam hora com, hora sem... — comenta Nei.
Leia mais:
Banda Lobo da Estepe e o "Baile do Caixão" em 1975
Banda Lobo da Estepe nos anos 1970
Mauro De Blanco e a Big Band do Itamone em 1972
A capa do disco Hi-fi
A seguir, algumas lembranças de Nei sobre a nostálgica foto da capa de Hi-fi, quando o músico tinha apenas 16 anos, e o repertório do disco lançado em 1998:
"A foto da capa foi feita em 1975, em Barstow, cidadezinha encravada no deserto do sul da Califórnia, onde terminei o ensino médio por um programa de intercâmbio. Aos dezesseis anos, tão solitário quanto possível nessa espécie de Bagda Café, fiz parceria com um violão de cordas de aço que encontrei abandonado no armário de casa.
Na única loja de música do lugar, achei também umas cifras avulsas e songbooks empoeirados de Elton Jonh, Beatles, Paul Simon, Seals & Crofts e outras milongas da época, sem imaginar que vinte anos depois gravaria um disco com esse repertório.
"Hi-fi" incorpora também uns blues que toco por culpa do Augusto Licks, além do tema de Perdidos na Noite e até alguma coisa dos anos oitenta. Tudo construído com a mais deslavada idiossincrasia e leveza, na companhia do Paulinho Supekóvia. Enfim, foi também em Barstow, um pouco antes de voltar, que compus minha primeira canção: um libelo comunista, em inglês macarrônico, detalhando como o proletariado e o campesinato surgiriam da areia do deserto para tomar o poder, canção que defendi num festival da igreja batista local.
A plateia e o júri, confesso, não foram lá muito efusivos: fiquei em oitavo – e último – lugar. Com direito a uma loção pós-barba como prêmio de consolação, que na época me pareceu de nenhuma utilidade, mas que hoje muito me arrependo de não ter guardado..."
O show
Na apresentação do dia 19, Nei vai interpretar na íntegra, e na ordem original dos álbuns, as 14 canções de Hi-fi e as 11 de Hein?!, acompanhado no palco por Paulinho Supekóvia (violão e guitarra) e Luiz Mauro Filho (teclados).
Hi-fi foi lançado em 1998, pela gravadora Paradoxx, reunindo um repertório de referência do compositor, alinhado entre o folk e o pop anglo-americano dos anos 70, com releituras acústicas de canções de Lennon & McCartney, Elton John, Paul Simon, Prince, Bob Marley, entre outros. Já Hein?!, de 1988, é um trabalho autoral que reúne canções de grande sucesso e permanência na carreira , como Telhados de Paris, Baladas, Faxineira, Rima rica/frase feita e a faixa-título.
Os ingressos estão à venda na Casa da Cultura e pelo site www.sympla.com.br/neilisboa. O show chega a Caxias por meio da Tum Tum Produções.
Leia mais:
Eloy Paco Teixeira: um mestre da guitarra
Conjunto Musical Prestige nos anos 1960
Conjunto Musical Os Pedreiros em 1967
Conjunto Musical Itamone em 1972