Câmara de Vereadores de Caxias do Sul celebrou no dia 26 de setembro deste ano 125 anos da sua instalação. Nesta história, muito caxienses dedicaram esforços na construção de uma sociedade equilibrada e sintonizada com os princípios da leis que organizam o coletivo.
Entre os personagens que elegerem-se vereadores, destaca-se o polivalente jornalista Mário Gardelin, 89 anos. Homem sensato, pautado pela coerência, Gardelin forjou seus princípios na adolescência, quando estudava no Seminário dos Josefinos, em Fazenda Souza.
Na condição de professor e historiador, Gardelin sentiu-se motivado para defender uma comunidade, usando os instrumentos políticos. Consciente de que a omissão traz prejuízos para o povo, Gardelin decidiu participar, filiando-se ao Partido da Representação Popular (PRP), exercendo a cidadania e com isto impedindo de ser governado pelos maus. A primeira experiência veio na suplência, ocupando por um ano a cadeira de Isidoro Moretto, na legislatura de 1952/1955.
O retorno ao Legislativo caxiense viria ocorrer somente em 1973, quando foi eleito pela Arena, e, em seguida, na Legislatura de 1977/1982.
No seu período, Mário Gardelin procurou concentrar-se na defesa dos grandes projetos para Caxias do Sul. A virtude de ser pesquisador da imigração italiana e professor na Universidade de Caxias do Sul evitou se envolver com assuntos superficiais.
Gardelin marcou sua passagem pelo Legislativo pela linguagem elevada, representando o coletivo nas reivindicações com base legal. Também resistiu constrangimentos oriundos de grupos de pressão ou categorias sociais que exigiam moldar a legislatura nas conveniências ideológicas da época.
Ideias manifestadas com grandeza e cidadania
Mário Gardelin descobriu na história as atrocidades da omissão dos cidadãos. Defensor da democracia, sempre manifestou suas ideias com grandeza e cidadania. Nunca utilizou vocábulos medíocres ou gracejos para depreciar antagonismos reacionários.
Em dezembro de 1986, afastado do Legislativo, mas atuante como partidário, Gardelin participou de uma mesa redonda promovida pelo jornal Pioneiro. O encontro reuniu Sadi Pinto Guedes (PDT,) Gardelin (PDS), João Tônus (PCB), João Garavaglia (mediador), Julio Costamilan (PMDB), José Bemfica (PFL), Antonio Pozenatto (PC do B) e Geci Prates (PT) para discutir o resultados das eleições de 1986. Gardelin (PDS) lembrou que Caxias do Sul foi autônoma para construir o Hospital Pompéia e a UCS. Ou seja, o historiador procurou esclarecer que o verdadeiro desenvolvimento não pode estar condicionado a um modelo econômico eleitoreiro.
A obra histórica da Câmara
Mário Gardelin foge daquele sujeito oportunista, que encontra na crítica destrutiva uma forma para se promover. Estudioso da evolução de Caxias do Sul, realizou várias obras documentárias no sentido de preservar a história do município.
Entre suas contribuições, destaca-se o livro Caxias do Sul: Câmara de Vereadores 1892-1950. O conteúdo preserva a trajetória legislativa, enriquecida pelos fatos que moldaram o processo histórico, tais como a evolução tecnológica, crises econômicas, 2ª Guerra Mundial e a Revolução de 1930.