Mesmo longe dos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial, o conflito também fez história em Caxias do Sul, tornando-se notícia internacional. Na manhã de 22 de julho de 1943, uma série de explosões em um pavilhão da Metalúrgica Gazola causou a morte de seis mulheres que trabalhavam na montagem de bombas e granadas para as tropas brasileiras que atuavam durante o governo de Getúlio Vargas na Segunda Guerra. Fundada em 1932 por José Gazola, a empresa originou-se de uma fábrica de artefatos bélicos, passando mais tarde a especializar-se no setor de cutelaria, talheres e utilidades domésticas. A tragédia na Metalúrgica Gazola Travi e Cia e pedaços destas histórias serão lembrados neste sábado no Memorial Gazola, a partir das 13h30min, em Caxias.
Em frente ao monumento erguido no pátio da empresa em memória às operárias, figuram objetos, detalhes e lembranças daquela manhã. O nome e a história das mulheres atingidas na época (apenas uma sobreviveu) estão marcados também em placas que nomeiam sete ruas de Caxias. Graciema Formolo, Irma Zago, Júlia Gomes, Maria Bohn, Olívia Gomes, Tereza Morais e Odila Gubert (sobrevivente, falecida em 2003). Um dos itens de destaque é a imagem de Santa Bárbara – protetora contra raios e explosões –, que ficou intacta no acidente.
Essa história será contada por meio do documentário Aos Olhos de Santa Bárbara, de André Costantin, e Proibido Falar Italiano, de Robinson Cabral, que serão exibidos durante a tarde de sábado. O evento, segundo a coordenadora do Memorial, Maria de Fátima Valentini Canevese, não só homenageia as vítimas, mas possibilita o contato da população com a história da cidade.
– É uma maneira de abrir essa lembrança para que as pessoas conheçam o memorial através do contexto histórico e lembrem das mulheres que morreram durante a explosão no setor de armamento. Essa é a intenção, visibilizar um memorial que traz um acervo significativo – explica.
São mais de 1 mil objetos catalogados e cerca de 30 mil documentos a serem incluídos na catalogação. Os trabalhos de construção do espaço de memória começaram em 2013, quando a marcenaria Sular adquiriu a empresa. Além de Maria de Fátima, há cinco voluntários.
– Eu, como historiadora, assumi esse trabalho. O interesse é muito grande na preservação de toda essa história, não somente a nível regional, mas também internacional, pois retrata uma parte da Segunda Guerra.
Visita ao passado
A programação começa às 13h30min, com a visita ao Memorial Gazola e apresentação dos documentários. Após, ocorre a apresentação de Canto do Coral Coro em Si, comandado pela maestrina Rosemari Venturini, e do Coro Juvenil da Marcopolo. O encerramento será as 17h.
– O memorial não está pronto, ainda está em vias de construção, catalogação, etc., e as pessoas vão ter a oportunidade de vivenciar isso. Eu mesma nem esperava encontrar tanta coisa aqui dentro. A cada dia, nesses quatro anos que trabalho aqui, encontro algo novo – conta Maria de Fátima Valentini Canevese.
PROGRAME-SE
O quê: Visitação ao Memorial Gazola.
Onde: antiga Metalúrgica Gazola (BR 116, 1018).
Quando: neste sábado, às 13h30min. Encerramento às 17h.
Quanto: entrada gratuita.