Com a chegada da estação mais quente do ano, o verão, e a época de festas de final de ano muitas pessoas se deslocam para o litoral para aproveitar o período de férias ou curtir alguns dias de folga. Em meados do século passado, o costume não era diferente, e as tradicionais "dicas" de como se portar na ida à praia já eram escritas nos jornais da época.
Aproveitando o período, a coluna relembra sugestões publicadas no espaço feminino Nêsse estranho mundo da mulher, em 16 de dezembro de 1961. As orientações, que podem parecer totalmente descabidas para as mulheres de 2016, eram feitas com naturalidade em praticamente todas as edições da coluna no início da década de 1960.
A colunista fictícia Maria Luiza sugeria, por exemplo, que as moças dessem 100 escovadas no cabelo, além de não abusar na maquiagem. Outras dicas ainda mais polêmicas sugeriam que as garotas não tivessem atitudes como rir alto ou gesticular com "excessiva vivacidade".
Do Lar: a Cestinha de Costureira
Os 10 mandamentos para quem vai à praia, em 1961
1- Não tome sol sem passar previamente no corpo e no rosto um óleo protetor.
2- A maquiagem deve ser discreta: apenas um pouco de pó e batom e... nada mais.
3- Nunca vá à praia com o estômago sobrecarregado. Tome antes um pouco de suco de frutas ou um pouco de limão diluído em água.
4- Nada de penteados sofisticados. Deixe os cabelos soltos; dê 100 escovadas no mínimo.
5- Não esqueça: as pernas bem depiladas é sinal que você é cuidadosa de sua beleza e tem trato.
6- Cuidado com o maiô. Ele deve ser bem falhado, mas convém evitar exageros.
7- Não fique horas inteiras estendida ao sol. Procure caminhar, fazer um pouco de esporte. Movimentar-se é melhor para a saúde e não queima tanto a pele.
8- Quando chegar em casa e, se o rosto estiver muito castigado pelo sol, use este creme nutritivo: hidrolato de rosas, óleo de amêndoas, parafina, “escremacete”, tintura de benjoim.
9- Não tenha na praia atitudes como rir alto, gesticulando ou correndo de um lado para o outro com excessiva vivacidade. Ninguém aprecia moça sem modos.
10- Evite sempre que puder ser uma mocinha pouco razoável, não dispensando à mamãe, a consideração que lhe é devida. Se ela marcou o almoço para uma hora da tarde, procure chegar na hora bem exata para evitar aborrecimentos.
Colunas dedicadas às mulheres
O espaço Nêsse estranho mundo da mulher não era o único dedicado às mulheres no Pioneiro, entre os anos de 1950 e 1960. Em meados da década de 1950, por exemplo, a hoje inacreditável Cestinha da Costureira trazia mais pérolas relativas ao comportamento das senhoras com a família e até em espaços públicos.
Leia abaixo uma das dicas de moda publicadas em 18 de setembro de 1954 e ilustrada acima:
"Nada mais adequado para alegrar a severidade de um vestido escuro do que uma nota de cor clara. O modelo que apresentamos, em fustão preto, tem a sua austeridade alegrada por um peitilho transpassado de cor branca."
Boletim Eberle: o informativo mensal da metalúrgica.
Abaixo, a coluna Cestinha de Costureira do jornal Pioneiro de 9 de outubro de 1954.