Comandado por Sady De Carli de 1967 a 1983 - e por alguns meses por Luiz Carlos Festugatto - , o Bar 13 passou a ser administrado pelo empresário Valmor Berzaghi, 62 anos, em 1984. Em 27 de setembro daquele ano, Berzaghi, o Cabeça, dava início a uma trajetória que se expande oficialmente nesta sexta (13), com a abertura do Botequim 13, e caminha para os exatos 50 anos, em 13 de fevereiro de 2017.
Botequim 13 inaugura nesta sexta-feira, dia 13
Sady De Carli e as origens do Bar 13
Ponto de encontro de frequentadores e trabalhadores do Centro, políticos, jornalistas e amantes do futebol, o estabelecimento consagrou-se principalmente como termômetro eleitoral: "candidato que vier a Caxias em campanha e não visitar o Bar 13 corre o risco de não se eleger" é uma das tantas lendas do lugar.
E parece que ninguém pagou pra ver, seja concorrendo ou apoiando candidatos: Germano Rigotto, Leonel Brizola, Victorio Trez, Mario Vanin, Mansueto Serafini Filho, Pedro Simon, Antonio Britto, Yeda Crusius, Olívio Dutra, Luis Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, todos passaram por lá entre os anos 1980 e 2000 – e integram uma galeria de fotos temática.
Dessas visitas, Berzaghi recorda principalmente de dois pedidos:
- Em 1988, Brizola provou sete quindins. Em 1996, no lançamento da campanha de Pepe Vargas à prefeitura, Lula e Olívio Dutra pediram uma dose de conhaque, pois era um dia bastante frio.
Futebol e atualidades
Além da política, discussões acaloradas sobre futebol e o cotidiano da cidade continuam sendo o complemento do cafezinho e dos lanches, servidos pelo próprio Cabeça e por funcionários como o garçon Paulo Roberto Ló, o Paulinho, atuante na casa há mais de 25 anos.
Nas palavras do ex-prefeito Mario Vanin (in memoriam), o Bar 13 é ambiente de congraçamento e respeito às opiniões. Em entrevista a jornalista Vania Espeiorin, por ocasião dos 40 anos do bar, em 2007, Vanin resumiu bem o espírito do lugar:
"Quer saber o que está acontecendo na cidade? Vá ao Bar 13. É um complemento dos veículos de comunicação. Nele se fala o que não pode ser publicado".
Projeção nacional em 1995
Foi em 1993 que teve início um dos marcos do Bar 13: o concurso Mala do Ano. Wilson Lucchese, vencedor em 1999, revelou ao escritor e frequentador Luis Carlos Ponzi que "somente quem tem muitos amigos pode ser eleito o Mala do Ano".
Segundo Ponzi, "o voto era dado com todo o carinho para o cara que mais xaropeou durante o ano" - incluindo até o próprio Cabeça, "sempre muito bem votado".
Talvez por isso cada concurso se transformasse em um acontecimento, capaz de movimentar a cidade na década de 1990. Campanhas acirradas, carreatas pela Júlio, churrasco de salsichão e costela de porco, chope na calçada, além da animação do cartunista Carlos Henrique Iotti e do amigo Marco Martini (o Cebola), turbinavam os pleitos - realizados com cédulas de papel, óbvio.
Mas o auge deu-se mesmo em 1995. Adilson Alexandrino, o Bisteka, recebeu 198 votos e foi a São Paulo, para ser entrevistado por Jô Soares. A repercussão nacional refletiu-se no ano seguinte, quando o concurso foi um dos mais disputados. Com 2.967 votos, de um total de 6.234, Valdemar Borges da Siva, o Pink, sagrou-se campeão.
Todo esse sucesso deve voltar em 2017. Berzaghi cogita reeditar a escolha do Mala do Ano em fevereiro, quando o bar celebra o cinquentenário.
Façam suas apostas!
Os malas
1993 - Wanderlei Berzaghi (Pé)
1994 - Alzemiro Gilberto dos Santos (o Sueli)
1995 - Adilson Alexandrino (Bisteka)
1996 - Valdemar Borges da Silva (Pink)
1997 - Fernando Luiz Ghiotto (Marreco)
1998 - Joel Pessuto
1999 - Wilson Lucchese (o Di Lucca)
2000 - Rodolfo Machado de Souza
2001 - Robinson Cambruzzi
Concorreram, mas não levaram
Segundos e terceiros lugares na disputa do Mala do Ano também eram celebrados. E muita gente acabou entrando na lista de candidatos daqueles tempos, querendo ou não: Mario Vanin, Carlos Henrique Iotti, João Pulita, Luiz Carlos Correa, Marisa Formolo, Paulinho Ló, Marcelo Adami, Rodrigo Balen, Luizinho Cabeleireiro, Geni Pettefi, Renato Henrichs, Tania Menezes, Marcos Valler, Joanira Kaiser e Edson Roberto Elino, entre vários outros.
Bar Danúbio: clássico do bairro São Pelegrino
Colaboração
Parte das informações desta coluna integra o livro Bar 13: Lazer, Política e História, de Luiz Carlos Ponzi, lançado em 2002