Assisti há poucos dias ao curso Competências Profissionais, Emocionais e Tecnológicas para Tempos de Mudança, da PUCRS. Ele era ministrado por Leandro Karnal e Luiza Trajano, da Magazine Luiza. Acho essa mulher incrível e sempre que a ouço tenho vontade de assar um bolo e convidá-la para bater um papo, de tão querida que ela parece. E embora ela saiba tudo de negócios, gostaria de vê-la falar de gente, com aquela simplicidade cativante que tem. Líderes que se preocupam verdadeiramente com as pessoas têm minha consideração no mais alto grau. Lá pelas tantas, na aula – online, claro, como todas no “novo normal” – ela falou “você é do tamanho daquilo que compartilha”. Gostei tanto da frase que estou ainda pensando nela.
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É como se fôssemos potenciais sementes (sim, nós somos!) e pudéssemos espalhar coisas boas por aí, deixando referências e ensinamentos pelo caminho. Tenho a impressão de que, em uma vida mais focada na generosidade, essa é uma premissa indispensável. Garante, também, uma passagem cheia de sentido. E essa parece uma maneira bastante preciosa de perpetuarmos nossa existência, a partir de interações e legado.
Mas, em relação à afirmação de Luiza, resolvi fazer uma busca na internet e as referências ao “você é o que compartilha” não têm nada a ver com o que ela disse: eles se referem, na maior parte das vezes, ao “você é o que exibe”. O que mostra nas redes sociais. O que parece.
Ou seja, a mesma frase tem significados quase opostos, dependendo do contexto.
Uma fala em ser. Somos e, se formos por inteiro, conseguiremos deixar algo para os outros.
Outra fala em parecer. Nossa imagem pode ser construída a partir de ideias falsas, desde que tenham uma mínima coerência nesse mundo de superficialidades em que vivemos. É assustador, né? Tanto que a pernambucana Camila Coutinho, uma das primeiras blogueiras de sucesso que se transformou em uma mulher de negócios, levou tempos para refletir sobre o “peso de um like: é como se você fosse sócia daquele post”, percebeu. Nesse universo do “você é o que compartilha nas redes” funciona assim. Tudo mais ou menos real, mais ou menos engajado, mais ou menos responsável.
Para mim, só há um antídoto para isso: viver de verdade, compartilhar boas energias, fracassos e alegrias reais. Somos imperfeitos e é melhor ter consciência disso do que tentar parecer o que não se é.