Tenho tentado fazer um balanço diário sobre pontos que devo melhorar em mim mesmo e, ao mesmo passo, reforçar aquilo que já sinto estar bem mais resolvido do que antes. É um método novo, porque na correria dos últimos anos eu não consegui encontrar tempo (essa é uma ótima desculpa para tudo, aliás) para dar um feedback a mim mesmo de vez em quando. E se a gente adora reparar nos outros, por que também não fazer o mesmo conosco?
Uma das minhas características mais frágeis e que compreendi que precisava ganhar prioridade na lista de urgências é que eu não sei comemorar as meias vitórias. Resolvi chamar assim porque foi bem difícil encontrar um termo que englobasse essa sensação de não gostar de fazer nada pela metade, de não aceitar algo que sei que não vou conseguir me dedicar por completo, de não me doar 100% para um projeto ou seja lá o que for, e por aí vai. Mais do que isso, eu não acho correto (não achava, na verdade) cantar vitória antes do fim.
Mas se tem uma coisa que aprendemos com o tempo é que ele mesmo – o próprio tempo – é um mutante poderoso. A cada segundo ele nos transforma, nos apresenta uma nova versão de nós mesmos, e, mesmo que não reparemos, pouco a pouco o mundo em nossa volta vai se modificando, então adaptar-se acaba sendo questão de sobrevivência. Sendo assim, precisei entender que em tempos de poucas vitórias, qualquer pequena conquista já é um mérito gigantesco. E reconhecer os nossos passos – mesmo que pequeninos – já serve de catapulta para chegarmos mais adiante.
É aquela velha história de ser 8 ou 80. Eu sempre estive de um lado ou de outro: era tudo ou nada. Mas e se não for totalmente tudo e nem totalmente nada? E se for o quanto tiver que ser?
Não estou afirmando que sou uma pessoa totalmente nova e que isso já está resolvido por completo. É um problema de uma vida inteira, então estou ciente de que vai levar alguns anos para evoluir enquanto pessoa nesse aspecto – até porque, qualquer aprendizado exige dedicação, erros e tropeços, eventuais acertos e muita paciência. Mas aos poucos eu me dou conta de que nem sempre a linha de chegada é o único ponto onde vibrar vale a pena.
Prefiro acreditar que a cada novo passo já tenho um motivo diferente para comemorar – e que somos feitos de meias vitórias, até porque não venceremos todas as corridas (seria até um pouco egoísta desejar isso), mas no final das contas, teremos nos desafiado e decidido a correr. E vai por mim... Isso já é muito.