Ficar em casa de quarentena pode ser um verdadeiro desafio para quem tem uma rotina acelerada. Não por acaso, a busca por sugestões de filmes, séries e livros para curtir no tempo livre aumentou consideravelmente nos últimos dias no mundo inteiro, conforme dados do Google Trends.
Para ajudar na escolha dos livros, convidamos seis escritores de Caxias do Sul para compartilhar suas dicas, acompanhadas de um breve comentário sobre as obras. Vale lembrar: com bibliotecas e lojas fechadas, algumas livrarias estão com serviço de tele-entrega, caso da caxiense Do Arco da Velha. Já as editoras Belas Letras e Culturama, a exemplo de iniciativas semelhantes pelo país, disponibilizaram e-books gratuitamente para o público. Boa leitura!
DICAS DE LEITURA:
“O Paraíso são os Outros”, de Valter Hugo Mãe
É um convite à vida, ao amor, à compreensão do outro e à aceitação da nossa história. Nos faz parar para pensar que sim, o amor é a solução, nunca o problema, mas só quem aceita o erro em si mesmo é capaz de amar o outro e eis aí a chave para esse mistério que se chama paraíso. A história é narrada por uma menina que conta suas percepções sobre como os adultos encaram a arte de amar. Uma literatura linda, amorosa e poética para enfrentar a realidade dos dias, que, por si só, já são duros e escuros.
Adriana Antunes
“As Intermitências da Morte”, de José Saramago
É fabuloso enquanto narrativa sobre viver e morrer; como a vida se torna caótica sem a presença da morte. Somente um grande romancista é capaz de oferecer outra visão e representação da morte. O poder de morte do coronavírus é o que gera pânico e medo nas pessoas. Será?
Delcio Antônio Agliardi
“Roube Como um Artista”, de Austin Kleon
É muito interessante porque atinge todos os tipos de público ao falar de criatividade de um jeito diferente. Traz dicas para exercitar a criatividade (o que é ótimo nesses tempos de quarentena) e fala, principalmente, que tudo aquilo que criamos já foi pensado antes – vai da gente melhorar, adaptar para o nosso e ressignificar. Fica a dica!
Pedro Guerra
“Controle”, de Natalia Borges Polesso
Ele é interessante para esse momento, especialmente porque trata sobre solidão, já que a personagem sofre de epilepsia e, por causa das crises, precisa ser confinada. Ela vive todos os conflitos de ter que ficar sozinha, abrir mão da vida normal que tinha… Acredito que é um livro que possa nos trazer lições para este momento, além de ser muito bem escrito, de uma escritora de excelente qualidade e nossa conterrânea. É um livro envolvente, que te engole.
Maya Falks
“Os Donos do Inverno”, de Altair Martins
Tão delicado quanto triste e seco, nos interstícios de uma história de fratura familiar e morte que se desdobra em uma viagem de carro de Porto Alegre a Buenos Aires, discute a trama dos afetos, a memória inventada da infância, a culpa, o luto e o amor, através de um misto de vozes de irmãos e cavalos, sobre o pano de fundo da falta de empatia e do individualismo em que estamos projetados nestes duríssimos tempos.
Marco de Menezes
“Ruibarbo do Deserto”, de Léo Tavares
As personagens existem em mundos pautados pela solidão, uma solidão que tem a ver com compreender-se a si. É gente esquecida. Ou que em algum momento da vida se abandonou. Gente disposta a resvalar para dentro de grandes revelações, prestes a ter seu mundo rompido. É um livro delicado e intenso (o humor está nas frestas), que nos coloca em um exercício perspicaz de compreensão da existência do outro.
Natalia Borges Polesso