E o jornal Pioneiro completa 75 anos neste sábado! Nasceu, ou melhor, veio a público, em Escorpião, signo da resiliência e das transformações. Não foram poucas as mudanças que encarou, e sua capacidade de sobreviver, também uma marca escorpiana, talvez ajude a explicar sua longevidade. Eu mesmo fui testemunha de uma dessas transformações, em 1993, quando o jornal passou a integrar o Grupo RBS e reinventou-se em novo e colorido projeto gráfico. Na época, recém-chegado da Bahia, eu atravessava um intenso trânsito de Plutão, o regente de Escorpião. Sim, fazia todo sentido trabalhar num jornal escorpiano.
Batizado inicialmente de O Pioneiro, com circulação semanal, o periódico chegou a chamar-se Pioneiro do Sul e Diário do Pioneiro, até adotar o nome atual, Pioneiro, mais depurado. Aliás, lapidar-se é impulso de Escorpião, no afã de manter-se fiel ao essencial. Pensando nisso, fui olhar o céu daquele 4 de novembro de 1948, quando os caxienses conheceram o seu novo veículo de informação. Fui olhar também aquele exemplar inaugural de 16 páginas. E é fascinante reconhecer a simbologia daquele céu natal nas páginas impressas.
Em Escorpião, o Sol ilumina os processos de fusão e o poder que transcende o transitório. Um texto na capa da edição primeira do Pioneiro homenageava os representantes dos poderes instituídos, do bispo Dom José Barea ao prefeito Luciano Corsetti, conclamados a participarem do novo veículo em “tudo o que possa contribuir para o engrandecimento moral e material de Caxias do Sul”. A referência ao vice-prefeito, Angelo Costamilan, citava sua filiação ao Partido da Representação Popular, o mesmo partido do grupo que lançava o jornal, mas isso não poupava a administração municipal de duras críticas pelo abandono do Parque Cinquentenário. O editorial alertava: “Politicamente não alimentamos paixões extremadas frente a qualquer partido”.
O poder de um veículo de comunicação tem seu preço, como reconhecia o mesmo editorial: “Somos dos que atribuem à moderna imprensa responsabilidades imensas, pelo seu alcance e repercussão na formação da opinião pública”. Assim, o jornalismo “há de ser, pois, um verdadeiro sacerdócio”. E aqui aparece o efeito da conjunção entre Marte, Lua e Júpiter em Sagitário. “Um jornal deve ter uma orientação, uma finalidade, uma alma, um pensamento”, dizia outro texto, ilustrando a simbologia do signo da flecha. A presença de Mercúrio, Venus e Netuno em Libra reforçava uma atenção aos valores sociais, que deviam ser defendidos com equilíbrio pelo jornal.
Ora, conhecer bem a comunidade que queria representar se tornou requisito para o jornal cumprir seu traçado propósito. E ali havia trabalhadores das lavouras e das fábricas, predominantemente católicos e de ainda marcante herança italiana. Por sinal, a primeira manchete, “Triunfo eucarístico”, falava de evento religioso ocorrido em Porto Alegre, com a presença do bispo caxiense. Havia também o contexto cultural diverso de uma cidade dinâmica que se modernizava. E criou-se, na largada, colunas temáticas sobre sociedade, cinema, rádio, mulheres, estudantes, saúde infantil, humor, esportes. E espaço até para poemas e contos.
Em 75 anos, o Pioneiro soube preservar suas motivações básicas, resistir a crises coletivas e adaptar-se às mudanças – e não se espera nada diferente de Escorpião –, sem perder jamais a conexão com seu alvo, a comunidade. Fiel a essa essência, hoje destaca, junto do nome, o exato slogan “Ao teu lado”. Avante, escorpiano!