Saiu o primeiro trailer do filme Napoleão, dirigido por Ridley Scott e que deve chegar aos cinemas em novembro. As expectativas são grandes, pois um personagem de enorme importância histórica encontra um grande ator, Joaquin Phoenix, e o diretor de clássicos como Blade Runner, Alien, Gladiador e 1492. Mas cito Napoleão aqui para pegar o mote da entrada do Sol em Leão neste sábado, às 22h50min, fazendo oposição a Plutão.
Não sei se por mera coincidência ou por algum desígnio cósmico, o leonino Napoleão já trazia o nome do rei dos animais dentro do próprio nome. Seu mapa astrológico situava o Sol no ponto mais alto do céu, já indicando o poder e a fama que o cercaram como estadista e como imperador francês. Ele foi o homem mais temido e respeitado da Europa, ao menos na década de seu tirânico império, de 1804 a 1814.
Sua sanha conquistadora impactou até mesmo o rumo de uma colônia portuguesa chamada Brasil. Se Napoleão não tivesse invadido Portugal, em 1808, a Família Real não teria fugido para cá, e sabe-se lá quanto tempo mais de atraso colonial o Brasil precisaria enfrentar. Tanto poder, no entanto, o cegou para uma verdade dificilmente percebida por olhos tomados pelo orgulho demasiado: tudo tem fim.
Napoleão entrou para a cultura popular também por conta de seu delírio de grandeza e de sua derrocada como líder militar. Imaginar-se Napoleão virou sintoma de alto grau de loucura. Vide a Balada do Louco, em que os Mutantes cantam: “Se eles são famosos, sou Napoleão”. Para ridicularizar o célebre conquistador, também criou-se, em português, a expressão “na posição em que Napoleão perdeu a guerra”, dita sobre alguém de quatro, com a cara no chão.
Este Sol que ora entra em Leão encara Plutão do lado oposto do céu. É como uma advertência contra o pecado da desmedida. Sim, pecado, pois era assim que os antigos gregos consideravam a arrogância humana, como uma ofensa aos deuses. A mitologia é repleta de casos em que mortais pagaram alto pela própria petulância. Trazendo a lição para nós, é sempre oportuno refletirmos sobre nossa relação com o que chamamos de ego.
O Sol simboliza, na astrologia, a noção de centro gerador da própria identidade. É o nosso projeto de ser. Desenvolver as capacidades dessa energia nos dará um senso de unicidade e de sentido de vida, nos dará confiança e alegria. Devemos ter a ousadia de criar o próprio caminho que conduza ao melhor do que possamos ser. Mas nunca devemos esquecer dos limites a respeitar, seja em relação a si mesmo ou aos outros.
Não é todo dia que nasce um Napoleão nem são rotineiras as condições históricas que lhe permitiram ascender. Impactar o coletivo com tamanha força parece dom reservado a poucos. No entanto, seja nos quintais de uma humilde aldeia ou mesmo entre as paredes de casa, todos temos um campo de atuação pessoal em que podemos fazer brilhar ao máximo nossa luz própria. A questão crucial desse processo é a responsabilidade que o brilhar carrega, além da citada consciência de limite e mesmo de fim.
As redes sociais exacerbaram os espaços de vaidosa ostentação, criando clichês imagéticos. Presenças felizes precisam ser registradas e exibidas. Mas e aí, somos de verdade ou queremos parecer ser? Somos donos da luz, e isso nos torna especiais e até superiores, ou a usamos generosamente para despertar a luz geral, a luz dos outros? Todos temos Leão em algum lugar de nosso mapa natal, portanto, em graus distintos, conhecer a potência e o alcance de nosso ego é tarefa universal.