Sob o signo de Libra, o Brasil começa a decidir seu futuro. As atuais eleições deveriam ser apenas mais uma cíclica escolha dos representantes do povo, como prevê o sistema político democrático. No entanto, tensões de toda ordem, em meio a extremismos e distorções, vêm dividindo e despedaçando o país, abalando os próprios alicerces da democracia e da civilização. Daí a importância dessas escolhas de agora. Ainda que seja necessário um segundo turno em certas instâncias do pleito, a se realizar na vigência de Escorpião, a simbologia básica de Libra pode lançar algumas luzes sobre esse crucial momento da vida nacional.
Libra quer dizer balança, em latim. Imagine uma balança, daquela de dois pratos e um ponteiro a indicar o equilíbrio. O homem antigo criou esse equipamento no contexto da revolução agrícola e do crescente comércio. Foi preciso padronizar medidas de referência, num acordo coletivo, para que houvesse exatidão e justiça na hora de avaliar o peso – e o devido valor – de algum produto em troca ou venda. Balanças devem funcionar rigorosamente de acordo com o pacto social acerca de seus parâmetros. Por analogia, toda troca social deve ser pautada em valores acima dos interesses pessoais. A balança, assim, tornou-se símbolo da justiça, a balizar, com suas leis definidas, os atos humanos e suas consequências.
Esse símbolo migrou também para as mitologias e religiões. No antigo panteão egípcio, cabia à deusa Maat pesar o coração dos mortos num tribunal divino. Num dos pratos da sagrada balança, havia uma pena, símbolo dos códigos de uma vida correta e justa, a partir dos quais o peso do coração definiria o destino último da pessoa. Na tradição cristã, o juízo final igualmente é um decidir entre salvação ou danação eternas. Figura associada a esse ritual, o arcanjo Miguel – celebrado em 29 de setembro, sob Libra – costuma ser representado com uma balança na mão.
A balança, como símbolo de um signo astrológico, já indica que este deva destacar a consciência social como contraponto referencial dos atos individuais. Libra é a parte em nós que deve sempre pesar e ponderar antes de agir impulsivamente. É o único signo representado por um objeto inanimado, em vez de figuras humanas ou de animais. Libra, por isso, procura pautar-se mais friamente pela razão, pela ética e pela justiça, e não por emoções e convicções instintivas. Escolher e julgar não serão fáceis, por conta desses critérios, daí a famosa indecisão libriana, sempre a buscar novos dados para a ação mais equilibrada.
E assim, diante do clima de juízo final das atuais eleições, que a simbologia de Libra nos inspire. Que a urna seja como uma balança, em que nossa escolha tenha como parâmetros o pacto social por civilidade, a razão e o respeito mútuo – atributos de Libra. Que pese em nossa decisão o impulso de vida e não o de morte, a voz da diversidade e não o grito autoritário, o diálogo e não a violência, a união e a paz e não as crenças que dividem e segregam.
Diante dessa balança imaginária, que a trajetória de cada candidato seja posta em balanço. Qual o peso de cada coração? Há amor neste coração? O que move mesmo cada um na missão de representar todo o povo: poder pessoal ou compaixão? Nosso voto, nessa quadra histórica, soará como um atestado de nossa própria humanidade ou desumanidade. Nossa decisão pesará no destino coletivo. E um dia, no julgamento da história ou num suposto juízo final, seremos avaliados também por isso.