Por decretar o fim do inverno, por seu colorido peculiar de flores se abrindo e pela algazarra musical de passarinhos em acasalamento, a primavera talvez seja a mais celebrada estação do ano. Ela começa exatamente neste sábado, às 22h55min, quando os raios solares passam a incidir diretamente sobre a linha do equador terrestre, igualando a intensidade de luz e calor nos dois hemisférios de nosso planeta.
É o chamado equinócio, instante inaugural da primavera sulina, que também abre o signo astrológico de Libra, ampliando para a experiência humana esse natural processo de buscar equilíbrio e união. Daqui em diante, dias cálidos e mais luminosos convidam os corpos retraídos pelo frio a abandonarem os casacos. Espicha daqui, alonga dali, os corpos querem movimento e interação. Querem dançar!
No corpo, Libra rege a região da cintura. O dito "jogo de cintura" é um atributo libriano, uma habilidade para o ajuste conciliador de ações envolvendo partes divergentes. É a literal capacidade de dançar no ritmo do outro. Ou de fazer de cada encontro uma dança. Libra é regido por Vênus, que quando no elemento ar se traduz em leveza, graça e estilo, na harmonia de movimentos em conjunto. Não é a dança sensorial de Vênus em Touro, sentindo o ritmo pulsar na carne, mas uma dança de enleio e arrebatamento na cadência única desenhada pelo par. Libra é o bailar dos casais.
Concede-me o prazer dessa dança? As duplas se formam no salão. Há a música de guia, feito as regras sociais de qualquer relação. E há o jogo que se estabelece no encontro: quem conduz, quem se deixa levar, como esse pacto mudo vai criar uma sintonia de passos. Até atingir a fluência máxima em que parece não mais haver dois seres, mas um par coeso a deslizar.
Ai, pisei em teu pé! Ora, não foi nada, acontece. As cinturas flexíveis librianas aparam arestas, aceitam imperfeições. Aprendem a reconhecer no passo do outro eventuais cansaços ou a vontade de bailar noutro ritmo. Uma pausa, mas de mãos dadas. Nos salões de Libra, só não pode é ficar sem par.