Ele chegou ao Juventude desacreditado. Taxado por muitos como retranqueiro. Era o técnico que não havia vencido nenhuma partida pela Chapecoense. Ou aquele que fracassou no Santos e no Corinthians. Porém, nem todas as pré-definições são verdadeiras e nem definitivas.
O Jair Ventura que chegou ao Juventude é um técnico moderno. Um treinador que soube entender em qual terreno estava pisando. Jair sabia exatamente das limitações da equipe alviverde, do elenco enxuto e da importância que teriam os confrontos dentro do Alfredo Jaconi. Foi o treinador que não quebrou a sequência de trabalho de Marquinhos Santos, mas aperfeiçoou o que vinha sendo feito.
A equipe que sofria muito gols, levou apenas um dentro de casa. E na vitória sobre o Inter. Mesmo com carências técnicas, o Juventude se impôs em todas as partidas como mandante. Não por acaso manteve uma sequência invicta com o treinador. Foram dois empates sem gols, em que dominou Bahia e Ceará, e quatro vitórias seguidas, diante de Inter, Fluminense, Bragantino e Corinthians.
Com a sinergia entre time e torcida, as ausências ou dificuldades da equipe acabaram passando desapercebidas. Prevaleceu a entrega, a luta por cada posse de bola e, principalmente, a ideia de competitividade.
Jair Ventura mostrou que pode jogar de forma reativa ou pressionando o adversário. Com dois ou três zagueiros. Sem um centroavante de ofício. Mas, o principal de tudo está na mentalidade da equipe. E o "Venturismo", tão elogiado nessas últimas semanas, se baseia principalmente em uma equipe competitiva, sem nenhuma estrela, sem medo de errar e com um foco absurdo no objetivo.
Assim como fez com o Sport no Brasileiro de 2020, Jair Ventura salvou o Juventude. E aqui a missão era bem mais complicada, com menos jogos e um time mais modesto. A confirmação da permanência é um sinal de amadurecimento, de reafirmação de um treinador que surgiu de forma meteórica no Botafogo e, por aqui, rapidamente conquistou a torcida jaconera. Não apenas pelos resultados, mas pela forma como conduziu o trabalho.
Em 2022, a sequência do comandante está garantida. Com a possibilidade de se montar um time melhor, com mais tempo. Só que o mais surreal é que o futebol é tão traiçoeiro que toda essa relação pode sim ser abalada se os resultados não vierem no Gauchão ou na Copa do Brasil. Por outro lado, é muito mais provável que a continuidade do trabalho traga frutos positivos. Até porque, pelo que fez nesse curto espaço de tempo, é preciso continuar acreditando nesse cara. E, assim como o torcedor fez ao final da partida diante do Corinthians, aplaudir Jair Ventura.