Vértice. Inviolável, quase como um flagelo. Tácito. Inexorável. Dizem ser inclassificável. Plausível? Indizível, contumaz. Avesso, talvez atávico?
O imponderável atravessa fronteiras. Aniquila a razoabilidade do bom senso. (Bom senso pra quem?). Tocaia, zupt, clic-cléc: boca fechada. Vrummm. Velozes, esquivos desaparecem na bruma das incertezas. Fortuito?
Vértice. Inquestionável, porque doutrina. Imparáveis na troca de farpas, fagulhas e desprezos. Olhos marejados, quase como pólvora. Não por desterro, mas por desencanto. Fim da esperança, contramão do vaticínio.
Fronteiras reduzidas a pó (pra quem?). Febril vertigem. Tedioso looping. Lapso, a pleno plexo — apesar de não se reconhecerem diante do espelho. Cara e coroa da mesma moeda.
Vértice. Retórica carola, bélica retórica. A plenos pulmões verte o mesmo discurso: dominar sobre os dominados. Sádicos, implacáveis. Ressoam rajadas de fuzis que emudecem. Pálidos, resignados.
Metamorfoseados como quem troca de carapuça. Ora os de rapina transmutam-se nos sem rapina. E vice-versa: ao infinito e além. Dominar e subjugar. Noutra temporada quem subjuga cerra os dentes pra vestir rapinas e dominar sobre os outrora dominantes.
Vértice. Ascensões e quedas. Montanhas conquistadas, derrocadas penhasco abaixo. Vicissitudes. Abissais vicissitudes. Nasce, morre. Taciturno destino. Voragem a conta gotas. Perspicaz. Avançar. Nem que seja preciso rastejar, como serpente deslizando sobre a areia escaldante.
Antagônicos, porém siameses. A mesma verborragia, o mesmo ufanismo. Empunhar bandeiras como sinal de bravura. Brados de guerra, apesar da insanidade. Hoje, algoz; amanhã, vítima. Clic. Contagem regressiva. Falha. O telefone toca. Interrompe o clic-cléc pro bummmm atômico.
Vértice. Medo, pavor, angústia, raiva enjaulada. Iminente desterro. A lágrima envaidece o algoz. A ferida nutre o ego do rei. Avançar é preciso. Navegar apesar das tormentas. Cravar bandeiras além mar é vital (pra quem?).
Fissura, cratera. Tocaia. Aflito, fétido. Fuga. Ferro, carvão. Lânguido. Romper cisternas. Verte a seiva, manancial de vida, ad aeternum. Memórias esmaecidas. Atordoados, como se embriagados, recolhendo moedas. Desvalidas moedas. Ancestral deformidade. Jazigos entre muros.
— Não me deixe secar — diz um ex-combatente do exército A que resolveu migrar para o exército B antes que B subjugasse A.
A terra em chamas destrói A e B, ceifando a vida a partir das raízes. Meu irmão, o futuro é vórtex como redemoinho, turbilhão. Infelizmente, não será vórtex como a espiral ascendente que transcende e cura.
Para Robinson Cabral, o primeiro a vaticinar que o futuro não é vórtex.