Pois é, vai fechar a Casa Paralela. Onze anos depois da inauguração de um espaço que sempre foi mais do que um bar. Um espaço sempre antenado à vanguarda, mas sem perder de vista o valor da tradição. Enfim, como diz o nome, uma casa de portas abertas para reflexões filosóficas, debates sobre direitos humanos, exibições de filmes, ensaio de batucada e palco aberto para estreias sonoras. Mas como diz o Breno Dallas, um dos caras que fez (e faz) a cena acontecer:
— Tudo isso, mas sempre com uma tiradinha de onda e humor, de leve — brinca.
Na real, o que vai fechar é o espaço físico. Mas as ideias efervescentes, criativas, inventivas, quase insanas (na visão de quem não tem visão — com o perdão do trocadilho), essas não ficarão trancafiadas no passado. É que a Casa Paralela, caso alguém desconheça, é um Ponto de Cultura. Viu como sempre foi mais do que um bar pra algazarra da gurizada?
— Continua tudo igual, mas sem a sede — sintetiza Leonardo Ferrolho, presidente da Associação Cultural Casa Paralela, a mentora intelectual dos projetos.
— A gente vai sair desse local que abrigou a Casa desde 2012, mas a associação e o ponto de cultual se mantém, não mais aqui. A ideia permanece, mas, por enquanto, sem um ponto físico — complementa Ferrolho.
E sempre há uma nova sobrevida na carreira da Paralela. Foi assim em 2013, quando fechou, mas reabriu em 2014. Ou ainda, nas intervenções que provocaram a porta lacrada em 2017 e 2022.
— Não vejo como um fim, mas como um início. Não sabemos bem ainda do que ou de quando será. Já fechamos algumas vezes e sempre voltamos mais organizados pra realizar mais coisas. Enxergo isso como algo positivo, mesmo que fique o sentimento de “nossa, e agora? Não vai mais ter a Paralela”, que é o que tenho ouvido — revela.
Sobre o Bloco da Ovelha, que nasceu dentro da Paralela, Ferrolho promete que a galera, seguirá atrás da batucada perfeita.
— O Bloco permanece e falamos entre nós que das sementes que foram plantadas na Paralela, o Bloco da Ovelha virou uma grande árvore e ficou maior do que a Paralela, pelo menos no impacto cultural na cidade.
Antes que Ferrolho entregue o imóvel aos proprietários, o que deve ocorrer no dia 15 de maio, vai rolar uma extensa programação. Assim que tudo estiver agendado ele promete divulgar aqui pra gente, no Pioneiro e em GZH. Ele antecipa dizendo que vão ocorrer shows de bandas que fizeram (e fazem) parte da história da Casa Paralela e ainda terá exibição de filmes até o fechamento do espaço ao público, no dia 13 de maio.
— Tô com um duplo sentimento. Tô triste pelo fim, porque são 11 anos aqui, fazendo o espaço acontecer. Mas, ao mesmo tempo, eu tô feliz para o que virá.
E, pra fechar o texto de mais um capítulo na história da Casa Paralela, que é também da Cultura de Caxias do Sul, assim está escrito nas redes sociais deles: “Rua Tronca 3.483, do cotidiano para a memória”.