Vinhos também têm espaço na Mercopar e os visitantes puderam conhecer, nesta quinta-feira (17), o projeto de rastreabilidade de produtos de duas vinícolas da Serra feita a partir de uma plataforma de blockchain. Os rótulos da Pizzato e da Dom Cândido, de Bento Gonçalves, são os primeiros com Denominação de Origem (DO) do Vale dos Vinhedos a contar com o uso da "tokenização", tecnologia que tem como uma das principais vantagens tornar os dados invioláveis.
A ferramenta, conforme Vicenzo Goelzer, da Don Cândido, tem despertado a curiosidades dos consumidores e garantido maior transparência aos vinhos elaborados pela vinícola que tem três produtos com DO.
— O rastreamento pode existir de diversas formas, por dentro dos processos da empresa. Mas a confiança só vem quando a gente tem um meio imparcial. A blockchain transforma informações em fatos dentro do sistema descentralizado e ganho que a Dom Cândido teve foi em puxar o consumidor para ele ter curiosidade de entender todo aquele processo para conseguir arduamente obter uma DO e, a partir disso, o consumidor valorizar mais o produto — diz.
Na Pizzato, são oito rótulos com Denominação de Origem e certificados. Para Flavio Pizzato, os principais ganhos com a plataforma estão relacionados a aumento de confiança.
— A comunidade envolvida já usa e dá os parabéns. Existe um eco no sentido de "que bacana o que vocês fizeram" porque garante mais credibilidade. Os aficionados por vinhos multiplicam a informação — destaca.
O projeto piloto, chamado de Origem RS, foi desenvolvido por Sebrae e iCoLab, instituto colaborativo de blockchain, e deve ser estendido para todas as vinícolas da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). Conforme o analista do Sebrae André Bordignon, a ferramenta também pode servir para outros segmentos do agronegócio.
Como funciona
A ferramenta foi abastecida com dados da safra de 2022, validados pela Aprovale. Carregadas essas informações na blockchain, gerou-se um NFT (token não fungível), que é um certificado digital de propriedade inviolável. Depois dessa etapa, foram impressos rótulos dos vinhos "tokenizados" com um QR Code. Ao escaneá-lo, o consumidor pode acessar os detalhes sobre cada produto, desde a documentação completa da vinícola e o registro da área produtiva, até as especificações da uva e as características do vinho, incluindo todo o histórico de produção.