Conectando a razão e a emoção, os manos Kellen e Erik Ferraro, 32 e 25 anos, respectivamente, filhos de Constâncio Ferraro (in memoriam) e Marilene Marcon Ferraro, contribuem para transformações na moda moderna e local. Com novos critérios de criação, eles impõem suas marcas ao estilo próprio e consolidado da confecção fundada por seu pai e lembram com carinho dos momentos de infância ao lado da família.
— Nas minhas lembranças de infância, pedia muito um irmão. Aos sete anos, nasceu o Erik. Fiquei muito feliz e desde que ele estava na barriga da mãe, tinha muita pressa, pois meu desejo era que ele crescesse rápido para brincarmos. Desde pequenos somos muito próximos, por ser mais velha, sempre tive o sentimento de cuidado mais aguçado. Hoje um cuida do outro com lealdade e companheirismo — discorre Kellen.
Juntos, os manos alçam voos cada vez mais altos, mas para isso precisaram de muito treinamento em terra firme. Adicionar uma dosagem de estética jovem e atual a um modelo de criação tão tradicional, tanto no comando e administração quanto no processo criativo, não foi, nem é, algo simples a ser feito. Com muita responsabilidade na direção criativa e comando das Lojas Ferraro, Kellen e Erik rememoram o tempo em que tiveram de assumir a linha de frente.
— Em 2013, quando nosso pai faleceu, foi um momento muito difícil e doloroso assim como em qualquer família que vive o luto. Não tínhamos perdido somente um pai, mas também um líder. Como sempre fomos muito religiosos, nos questionamos o motivo de Deus ter rompido esse laço em nossas vidas. Eu com 23, e o Erik com 16 anos, fomos alicerces para a mãe e aliados a fé, amor, trabalho e determinação demos continuidade ao sonho idealizado pelo pai. Nossa máxima é, parafraseando São Francisco de Assis que pregava o lema: “comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível e, de repente, estará fazendo o impossível” — conta Kellen, que sempre esteve e está ao lado da família em todas as situações sem exceção e diz que se um dia houver uma biografia contando parte de suas trajetórias, o título seria A fé que nos move.
O estilo que produzem, por meio da grife própria Ângelo Ferraro — em homenagem ao avô paterno — é pautado em personalização e experiências. A moda é permissiva, experimentar é uma das atitudes que Kellen e Erik sempre estimulam em quem circula por suas vidas.
— Sair do óbvio e testar novas maneiras de enxergar o mundo, é uma das tantas lições aprendidas com nosso pai, que se aprofundou em corte e costura, enquanto a mãe, que já conhecia os processos de confecção, finalizava o que ele cortava e vendia na hora do intervalo na empresa em que trabalhavam a época. E assim, com muita dedicação e esforços conjuntos, eles foram crescendo. Com o tempo se especializaram no desenvolvimento de camisaria. Naquele tempo, expunham as peças em eventos como a Festa da Uva e a ExpoBento. Estamos aqui para sermos os protagonistas de nossas próprias histórias. O mundo evolui quando estimulamos a criatividade — manifesta Erik. ao falar dos próximos passos para coleções da marca.
Alinhados às exigências do mundo de hoje, Kellen e Erik já inovam em ações em prol do meio ambiente e implementam a sustentabilidade no dia a dia empresarial e particular.
— Sempre estamos atentos a parceiros comprometidos com processos mais sustentáveis. Nossa curadoria de tecidos vai desde algodão ecológico até novidades que retornam ao mercado como as fibras do cânhamo para alfaiataria, sapatos com solados de material reciclado, além de ações internas como o cuidado com o desperdício, reaproveitamento de materiais e há muito optamos por substituir todas as nossas sacolas plásticas por recicláveis — instruem para uma consciência ambiental aguçada.
Kellen e Erik cresceram junto com o sonho profissional da família que ganhava forma e, hoje, comandam com sucesso envolvidos em todos os processos da marca e finalizam: muitas vezes dedicamos nosso cotidiano em aprender tantas coisas e esquecemos de dedicar uma parte dele em conhecer melhor a si mesmo. É importante lembrar que a moda trabalha para reforçar as relações, por isso, estamos nesta etapa de autoconhecimento.