Eu, Verônica
Reservamos este fim de semana para revelar o talento da filha de Dilton Pereira e Vera Pulga Pereira, a jovem Verônica Pereira, formada em Comércio Exterior e que descobriu na moda seu propósito. Nesta conversa, a bonita criadora da marca Bass Co. com essência produzida de mulheres para mulheres, conta suas aventuras pelo mundo e relembra a importância da época em que foi Rainha do Recreio da Juventude, em 2009, e da rede de relacionamentos que permanecem até hoje.
Que conexão lúdica ou lembrança afetuosa faz da infância com sua persona atual? A minha família sempre, não é só uma lembrança, que faz a minha persona atual, mas a união dos valores e das duas formas de criação que recebi da minha mãe Vera e do meu pai Dilton que são complementares. Ambos sempre foram duas figuras muito inspiradoras. Ele com um olhar atento para a natureza e intelectual me influenciou na leitura, no gosto pela música, na alimentação consciente. Já minha mãe me ensinou a alçar voos, a querer conquistar o mundo, viajar, provar sabores, conhecer pessoas, o que resultou numa herança comunicativa e expansiva.
Qual a proporção ocupada pela moda na tua rotina? Ela ocupa boa parte do meu dia, por isso, nos momentos de folga utilizo a moda a meu favor e não como algo que "ocupa" meu tempo. Minha etiqueta autoral, a Bass, nasceu a partir daí e da ideia de simplificar o vestir de cada mulher. É sobre praticidade e funcionalidade, um estilo que transita em diferentes ocasiões quando as peças são combinadas com diferentes composições.
Como define sua linha do tempo estética? Observando-a, entendo que todas as fases da minha vida foram importantes para a construção da imagem que transmito. A Bass é uma síntese de tudo, foi a partir dela que consegui externar minha essência, literalmente para fora.
Trabalhar com a Bass traz grandes feitos. Qual seu projeto preferido? Não considero um projeto com início, meio e fim, mas sim como uma visão e missão a longo prazo que é olhar com carinho para todas as mulheres que constroem junto comigo, porque acredito que o grande feito da marca é a união e aprendizados entre todas.
Qual é a sua história com a moda, como começou e por que decidiu seguir por esse caminho? Sempre fui apaixonada por moda, escrevia nos meus diários de pequena que quando crescesse seria modelo e estilista. A vontade de falar fluentemente inglês e ter a experiência de estudar fora me levou para Los Angeles, onde morei por dois anos e meio, lá fiz um curso extensivo em Comércio Internacional na UCLA e foi quando comecei a trabalhar com moda. Fui assistente de estilo e produção, auxiliando a estilista e dona de uma pequena marca de lá no desenvolvimento de produtos, posteriormente gerenciei a boutique em Beverly Hills, experiência que me deixou segura para enfrentar o mercado varejista, e também tive a oportunidade de participar de feiras pelos Estados Unidos, algo super desafiador para uma guria de 22 anos mas que me deu bagagem sobre trabalhar com lojistas e vendas em atacado. Desafios sempre me moveram, sou inquieta então tudo que é novo fico curiosa e quero viver, experienciar e tirar o melhor daquilo para meu crescimento. Quando retornei ao Brasil, concluí minha graduação. O sonho em trabalhar com moda sempre esteve comigo e na metade de 2017 assisti a um desfile de TCC do curso de Moda no Campus 8 e fiquei completamente encantada. Me inscrevi no curso e em seguida comecei. Em 2018 trabalhei com pesquisa de moda e em 2019 entrei na área de compras das lojas Scarlet, em conjunto com a diretora Eliane Bassanesi. Foi ela quem me motivou a criar. A partir disso, criei coragem para desenvolver os primeiros modelos lançados em abril de 2020. A Bass é uma marca que nasceu e cresceu durante os dois anos de pandemia e acredito que o sucesso se deve ao fato de desenvolvermos uma moda que dialoga com o tempo, que atende à uma carência do mercado e que é solução na vida das mulheres.
Como é o seu processo criativo, desde a pesquisa até a concepção dos modelos? Inicio com pesquisa de campo, em viagens, nas ruas, nas lojas. É essencial ouvir as mulheres que cruzam comigo. Coleto todas as referências e levo para minha equipe. Acredito que o processo se torna mais relevante e genuíno quando sai do campo das ideias e ganha um corpo além do meu, começa a fazer parte de várias mentes e vira realidade. O compartilhamento de conceitos torna a criação colaborativa, afinal Bass não é sobre a Veronica, mas sobre todas nós juntas.
Quais conselhos daria para quem quer ingressar na profissão? É importante saber que empreender no campo da moda vai muito além da criação e pesquisa de tendências. Moda é negócio. É fundamental ter conhecimento ou alguém para administrar a gestão e logística da empresa. Por isso, meu sócio, Gabriel Bassanesi, é tão fundamental para o sucesso da marca.
Qual a importância da sustentabilidade nesse meio? Hoje não é mais opcional, é uma premissa básica para todos os negócios. As pessoas estão mais conscientes do que estão comprando. Ler a etiqueta da roupa é tão importante quanto ler um rótulo de alimento no supermercado.
A era digital vem beneficiando a moda de diversas formas. Qual a relevância em estar presente no mundo virtual? O ponto positivo é o alcance que a internet possibilita, é podermos espalhar nossa mensagem para o maior número de pessoas possível, é ter uma cliente na Europa vestindo um casaco de lã gaúcha. A facilidade e a agilidade na venda faz com que cheguemos em todas as brasileiras, e isso para nós é muito rico porque acreditamos que podemos vestir essa diversidade. Ao mesmo tempo, temos muito orgulho de sermos uma marca local que valoriza, emprega, fortalece, vende e inspira mulheres daqui.
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Alinhavos de Verônica:
- O que é ter estilo? É se conhecer, é saber do que gosta, é observar a sua própria essência e saber o que te faz bem. É ter uma visão além de seguir tendências.
- O que considera a essência da sua imagem? Liberdade e autonomia em seus sentidos poéticos e literais.
- O que considera que são mitos da profissão? Moda não é glamour, é trabalhar muito com seriedade e responsabilidade. Requer comprometimento social e ambiental.
- Gostaria de ter sabido antes... da importância de um sorriso. Estar bem e sorrir contagia as pessoas que estão ao nosso redor, descontrai, deixa o ambiente mais alegre e transmite confiança.
- Um hábito que não abre mão? Micro-hábitos me fazem muito bem. Busco por momentos slow living: respirar, me exercitar, estar com o meu cachorro e cuidar de quem eu amo.