Durante séculos, até o início da idade moderna, a busca pela felicidade individual sequer fazia parte do imaginário humano. É um projeto recente e, segundo o filósofo Pascal Bruckner, passou a se configurar uma espécie de ditadura. Essa “obrigação” ganhou contornos patológicos com o avanço exponencial dos contatos virtuais. Convivemos com exemplos que primam pela idealização, sem encontrar ressonância no concreto. Apesar dessa disfunção de imagem, procurando pela perfeição, ao fim ela acaba tornando tanta gente, paradoxalmente, triste. Conjecturam: melhor sentir-se aprisionado a reconhecer a incapacidade de se alçar aos padrões vislumbrados nas redes sociais. Confundem mentira com distinção. Mas a ideia de perscrutar a realidade e a aparência é sempre bem-vinda. Ajuda-nos a ter em mente o pressuposto socrático de que é insuficiente apenas viver: é imprescindível analisar os atos praticados. O crescimento cobra de nós perseverança e atenção. Desviar-se delas é ser subjugados pelos valores coletivos, aceitando passivamente os ditames dos demais.
PERSEVERANÇA
Opinião
Um vida interessante
Precisamos desenvolver um mínimo de autonomia do pensamento, tornando-nos flexíveis em relação ao que nos cerca, visitando o extremo oposto, quando necessário
Gilmar Marcílio
Enviar email