Gilmar Marcílio
Ouvi essa frase em um podcast do professor Clóvis de Barros Filho. Achei instigante. Traduz um estado de alma praticamente ausente em nós. O mercado despeja múltiplas novidades, logo obsoletas, seguidas dessa ordem implícita: se estragar não conserte: substitua. E o mundo se transformando num imenso depósito de lixo. Afinal, poucas coisas são voláteis. Elas desaparecem dos nossos olhos, mas permanecem ocupando outro espaço. Uma das consequências nefastas dessa ânsia de adquirir compulsivamente o mais recente produto é sermos impedidos de nos saciar longamente com algo. Um detalhe diferente no designer e lá vamos nós às lojas físicas ou à internet em busca do que, presumimos, nos trará satisfação plena. Não sonho em viver numa época de precariedade. A evolução e o progresso tornaram a vida bem melhor, com conforto e qualidade. O livro Paris Babilônia, de Rupert Christiansen, mostra, por exemplo, que a capital francesa foi, em tempo remoto, um antro de sujeira, doenças e degradação. As luzes e o glamour vieram depois, ancoradas no processo civilizatório. De onde se conclui ser essencial aprimorar e sofisticar as estruturas materiais nas grandes metrópoles.
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