É deveras interessante a maneira como muitas pessoas estão se designando no universo virtual. A mais recorrente é essa: Fulano de tal, vive na cidade de, profissão: figura pública. Como assim? Expliquem-me, por favor. Esse termo é tão vago e amplo que parece impossível caber na definição do que alguém é. Aliás, ele não diz absolutamente nada. Qualquer um pode ser. Até eu, que estou bem longe desse conceito. Até recentemente, sentíamos orgulho em preencher um formulário e depois acrescentar: professor, arquiteto, jornalista, psicólogo. E havia uma base de formação sólida, anos de estudo, outros tantos de prática e a vida se encarregando de colocar em destaque os que mereciam. Agora é bem diferente, parece. Basta dar uma olhada em qualquer rede social para descobrir a reviravolta que ocorreu nos últimos anos. Muitos salivam diante da palavra “seguidores”. Uau, tenho dez mil, trinta e dois mil, mais, mais. E, para espanto dos que ainda estão incrédulos, os que somam números na casa das centenas de milhares são exatamente aqueles que postam imagens de si mesmos. Muitas vezes sem legenda, sem nada. Só rosto e, se tiver, corpão. Ok, como diz um amigo meu, a beleza é um acontecimento. Mas, você não acha que ela precisa vir acompanhada de uma boa conversa para evitar que se esvaia rapidamente?
Opinião
Gilmar Marcílio: figura pública
Esse termo é tão vago e amplo que parece impossível caber na definição do que alguém é
Gilmar Marcílio
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