Existem inúmeras maneiras de nos relacionarmos com os outros. Uma das mais elegantes é fazer com que a nossa linguagem se aproxime ao máximo daquela utilizada pela pessoa com a qual interagimos. Ao não promover esse esforço, estamos revelando um traço de arrogância, tentando despejar sobre os demais algum tipo de conhecimento que pode interessar somente a nós. É louvável compartilhar o que aprendemos, desde que com humildade, sabendo que em cada um de nós há vastidões ocupadas unicamente pela nossa ignorância. Sempre me sinto incomodado quando se aproximam com um discurso empolado, querendo impressionar com palavras de uso pouco corriqueiro. Não haverá por trás uma enorme insegurança? Quando temos pouco a oferecer, usamos a linguagem como o único recurso para aparentar uma pretensa superioridade. Comigo não funciona. Vejo mais nobreza naqueles que, possuidores de vasta erudição, conseguem se fazer entender por todos, indiscriminadamente. Fujo dos seres enciclopédicos, pois o risco de me entediar é enorme. Bonito mesmo é descer desses falsos degraus forrados de palavras complicadas que poucos sequer imaginam o que significam. Vamos aprender a ouvir com delicadeza o que o outro quer nos dizer. Sem precisar se valer de uma voz grandiloquente para proferir sentenças que costumam cair no vazio e no esquecimento quase imediato.
Felizmente, não sofro mais desse mal, que considero lamentável. É chato estar ao lado de quem passa o tempo todo citando autores, teorias, expressões que caberiam melhor numa dissertação ou palestra. Para ser bela, a vida precisa ser simples. Devemos nos aproximar dos seres como se estivéssemos a passeio, jamais como quem ocupa um púlpito. Se não fizermos isso, correremos o risco de muitos desviarem do nosso caminho, numa tentativa de se autoprotegerem. Tento compreender o que leva alguém a ser tão petulante. Muitas vezes é solidão mesmo. A incapacidade de construir amizades sólidas, em que a escuta atenciosa é o elemento essencial para a manutenção do interesse mútuo em tecer laços. Portanto, se você passa a vida devorando e expelindo verbalmente compêndios, repense esse seu comportamento. Relaxe, é melhor ser amado e admirado pelos atos que praticamos. Frases bonitas não andam, necessariamente, de braços dados com a retidão e a ética. Servem, muitas vezes, para ocultá-las.
Ponha em prática o vocabulário da gentileza e do afeto. Isso, sim, é um sinal inequívoco de inteligência.