Vivemos um período de obscurantismo? Tudo nos leva a crer que sim. Quantos e quantos adoram colocar freios em ideias que se chocam com as suas. Mas não creio que nossa época ficará conhecida como aquela em que a ignorância e o retrocesso deixaram marcas indeléveis. A história se faz através de movimentos pendulares: ora a noite recobre o que quer resplandecer, ora somos invadidos pelo sol e sentimos que tudo se aquece. Mesmo diante de ações que tendem a padronizar comportamentos mais conservadores, continua sendo possível criar pequenas ilhas de lucidez e inteligência. Temos ao dispor um manancial quase infinito de descobertas científicas e de mentes iluminadas que podem estancar qualquer tentativa de populismo rasteiro. O controle pertence também às multidões, não só a quem está no comando político – é uma pena esquecermos disso. Eu e você somos responsáveis pela disseminação de conceitos que ajudam a fomentar a evolução, detendo qualquer tentativa de retrocesso. O diálogo que se sustenta pela investigação, e não pelo mero repetir de posicionamentos reacionários, acende uma luz em meio a tanta estultice que se vê por aí.
Proteja-se. Erga uma barricada ao seu redor. Persista investindo naquilo que sempre o alimentou. Recuso-me a aderir a uma visão de catástrofe iminente. Continuo apostando que ainda estamos cercados de pessoas repletas de boas intenções. O problema é que essas não costumam se interessar pelo poder. Ele seduz os menos preparados; os que, pela força da coerção, querem impor à maioria uma visão estereotipada da existência. Os melhores antídotos podem ser encontrados na ciência e na arte. No pensamento, enfim. Se a sua voz não alcança um grande público, lembre que o espaço doméstico pode fazer a diferença. Pequenos atos de atenção e respeito ao que os outros acreditam geram resultados imediatos e positivos. Desista da ideia de que tudo está perdido. Deixe que esses pregadores de araque vociferem contra a beleza do mundo. Sim, eles causam considerável destruição. Mas haverão de passar e a força da razão costuma se infiltrar por pequenas frestas.
O perigo está em se entregar. São tantos os exemplos de que é possível crescer na adversidade. Eles ceifam? Plantaremos de novo. O trabalho será maior, mas impedirá a morte de cérebros que abrem portais e nos permitem conhecer o melhor do humano. Permaneça disposto, produzindo, crendo na ordem interior. É a melhor maneira de enfraquecer os medíocres.