Acordo e a manhã está chuvosa. Lembro de ter sonhado com as personagens da espetacular série americana “This is us”. É uma daquelas histórias para se emocionar e chorar. E se você já viu e não ficou arrebatado, bem, fique atento porque alguma coisa pode estar errada. Eu me surpreendo refletindo seguidamente sobre as situações dramáticas que se apresentam. O que mais me chama a atenção é que todos expõem constantemente o que sentem, colocando uma lupa sobre suas vidas. Cada fato é escrutinado, do mais comezinho ao que determina reviravoltas de proporções épicas. Pais conversam abertamente com os filhos e vice-versa. Amigos escutam uns aos outros com admirável atenção. Até vizinhos que se encontram ocasionalmente param para ouvir o que está acontecendo com alguém que parece desolado. É um mundo quase utópico, bem diferente do que a gente está acostumado a ver do lado de cá, chamado de realidade. Mas é um bom exercício para aguçar a nossa sensibilidade e reavaliar como estamos agindo com as pessoas quem nos é caro. Aprecio essa espécie de jogral em que cada um clareia o que o incomoda ou fascina. E num ato de respeito e compaixão recebe dos interlocutores plena disponibilidade. Para que isso se concretize, precisamos aprender a partilhar a nossa jornada emocional. Deixar as banalidades em segundo plano e colocar em evidências as feridas, iluminando o que nos paralisa.
Opinião
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Gilmar Marcílio
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