Há muito o que denunciar, mas também há muito o que comemorar. Refiro-me ao secular processo de violência e domínio a que as mulheres foram submetidas ao longo dos tempos. Raras foram as sociedades que não as oprimiram. Mais raros ainda os homens que conseguiram vê-las como iguais, seres com quem se deve caminhar vida afora em termos de absoluta igualdade, pois não há evidência alguma que as torne inferiores a nós. Tudo é cultural e passa pelo filtro dos preconceitos de cada época. Felizmente, algumas vozes ousaram e se fizeram ouvir, mostrando o que parece evidente a quem pensa a vida como um exercício de encontro e partilha. Muitas pagaram com a própria existência a ousadia de dizer o óbvio. Não se conformaram em ter que esconder talentos e capacidades que não devem ser solapados pela ignorância e desejo de mando. São figuras emblemáticas que, a despeito de terem deixado marcas indeléveis com seus feitos, ainda continuam ocupando uma nota de rodapé no livro da humanidade. O olhar masculino não tolera a ideia de dividir espaço com elas. Prefere continuar usando a força física – único atributo em que levamos determinadas vantagens – do que estabelecer qualquer forma de diálogo.
Opinião
Gilmar Marcílio: igualdade
O olhar masculino não tolera a ideia de dividir espaço com elas
Gilmar Marcílio
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