Foi um bom debate na Gaúcha Serra na manhã desta sexta-feira, em nível adequado, sem pedido de direito de resposta, e com a profundidade que os debates permitem. Houve algum detalhamento de propostas e até algumas lançadas – o candidato Adiló Didomenico (PSDB) até lançou a ideia de um VLT (veículo leve sobre trilhos) na Avenida Júlio.
Mas o candidato Felipe Gremelmaier (MDB) detectou em sua manifestação final:
— A gente já percebe a mudança no debate eleitoral.
No enfrentamento, que já é mais marcado e demarcado, houve momentos emblemáticos, carregados de significado político. Um deles foi o embate entre os candidatos Maurício Scalco (PL) e Adiló pelo espaço da direita no espectro político, quando Scalco lembrou que a coligação que representa nunca fez aliança à esquerda. Lembrou também que o atual governo abrigou em seus quadros, até no primeiro escalão, representantes do PSB, que o candidato do PL entende ser partido de esquerda, e perguntou a Adiló se ele vai "aceitar apoio de esquerda" no segundo turno.
Adiló voltou a se definir como de centro-direita, mas o enfrentamento foi uma evidência de que o espaço à direita está concorrido. Felipe também tem trânsito neste campo. Há uma disputa clara à direita, e essa concorrência terá efeitos para a definição em segundo turno.
Outro momento forte foi na cobrança da candidata Denise Pessôa (PT) a Adiló sobre fazer propostas que não integram o Plano de Mobilidade contratado e elaborado pelo município como ao propor uma estação de transbordo na rótula da Avenida São Leopoldo. A questão jogou Adiló para um momento defensivo, mas ele deu a resposta possível.
Embora não tenha sido o assunto dominante, a saúde transpareceu como prioridade para os candidatos. E outro tema muito lembrado, forçado pelo candidato Adiló sobre Denise, foi a proibição da conversão à direita nas ruas Sinimbu e Pinheiro Machado durante o governo do candidato a vice na chapa de Denise, Alceu Barbosa Velho (PDT). Já foi tema da campanha de 2016, e retornou com força. Adiló também cobrou de Scalco esclarecimento sobre a posição defendida historicamente pelo candidato do PL e a aliança que representa, de privatização da Codeca.
Scalco já externou na campanha uma revisão, dizendo que não irá privatizar a Codeca. Foi outro momento de enfrentamento forte. Felipe, por sua vez, adotou um tom de manifestações incisivas, levando-se em conta que não está envolvido nos enfrentamentos mais fortes, e conseguiu demarcar as ideias que defende.
Foi um debate útil ao eleitor e à eleitora, em que as propostas foram esparramadas, os enfrentamentos foram de frente, sem tergiversação, e o nível desse enfrentamento foi aceitável, como vem sendo nessa campanha.