O jornalista Henrique Ternus colabora com o colunista Ciro Fabres, titular deste espaço.
O encontro de lideranças na abertura da 34ª Festa da Uva, na tarde desta quinta-feira (15), será a chance de discutir projetos e prioridades para a região, entre governos municipal, estadual e federal.
Pautas como a necessidade de ajuste na tabela de recursos do SUS para atendimentos de média e alta complexidade (MAC), ou o contorno viário da cidade e melhorias nas rodovias de acesso à região terão que ser debatidas. Programas de incentivo e de investimento, com olhar especial para a indústria e a agricultura, devem ser articulados entre as esferas.
A mobilização significa estimular uma cadeia de desenvolvimento na Serra. Em entrevista à coluna, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do Brasil, Paulo Pimenta (PT) foi categórico: “os projetos partem das regiões, e, para que se tenham projetos, é preciso haver mobilização regional”. Não dá para deixar passar a oportunidade.
Abaixo, leia as respostas de Pimenta a temas questionados pela coluna:
Festa da Uva
"A Festa da Uva ocorre em um momento muito importante da vida política do país. Estamos vivendo um período de retomada da força da atividade econômica, nosso PIB cresceu 3% no ano passado, com inflação controlada e uma tendência de queda na taxa de juros, que vem se consolidando já há quatro meses. A gente projeta um 2024 muito bom, na medida em que o cenário macroeconômico se estabiliza. Aprovamos a reforma tributária e o novo marco fiscal. O Brasil recuperou seu protagonismo internacional e a capacidade de atração de investimentos estrangeiros. A Festa da Uva, nessa região tão forte e pujante, acontece em um momento muito especial de sintonia com o que o Brasil está vivendo."
Projetos
"Os projetos, as iniciativas partem das regiões. O Brasil é extremamente complexo, diverso. Por isso que os projetos envolvem a capacidade de fazer uma mobilização e levar esses pleitos (ao governo federal). O governo federal é demandado. Diferente da iniciativa privada, que quando tem um recurso, guarda, o poder público tem um orçamento para ser executado. São 27 estados, há uma disputa de prioridades, de setores, de segmentos, então a capacidade de mobilização é um diferencial. Infelizmente, durante todo o último período, nos governos Temer e Bolsonaro, não tivemos nenhum novo projeto em infraestrutura no Estado. São sete anos sem novos projetos, e isso traz prejuízo em termos de planejamento, logística e investimento. O Rio Grande do Sul tem carência de temas que sejam entendidos como uma pauta do Estado, acima das questões partidárias e corporativas. É isso que precisamos retomar, essa capacidade de ter uma agenda do Rio Grande do Sul."
Infraestrutura
"Um projeto de infraestrutura leva anos até sair do papel. Hoje, estamos trabalhando em duas obras no Estado, colocamos recursos importantes, e que têm reflexo direto na região da Serra. Além das melhorias na BR-116 na região metropolitana, até a metade do ano queremos ter concluído o projeto executivo da extensão da BR-448, até Portão. São as duas principais vias de acesso da região metropolitana com a Serra. Defendo que deveríamos retomar o projeto da duplicação da BR-116 de Caxias até Curitiba. É um dos assuntos que pretendo tratar na região. Mas precisa ter um projeto, e para ter um projeto precisa ter uma mobilização regional. Já conversei com o governador do Paraná sobre isso, já conversei com lideranças de Santa Catarina e de Caxias. Acho que está na hora de colocarmos a duplicação da BR-116 como uma pauta prioritária para a infraestrutura da região Sul."
Até a metade do ano queremos ter concluído o projeto executivo da extensão da BR-448, até Portão
Aeroporto e universidade
"A universidade (federal do Nordeste gaúcho) é um assunto que está muito bem encaminhado. Nós temos uma perspectiva do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para ampliação e novas universidades. O aeroporto está no PAC, envolve uma discussão com o governo do Estado, e estamos abertos para esse debate com a região. Nós estamos plenamente à disposição para fazer a nossa parte."
Investimentos na Serra
"Temos uma série de iniciativas que envolvem a agricultura familiar e o apoio ao setor de máquinas agrícolas. Temos um processo de preparação para o plano Safra de 2024. Em 2023, tivemos o maior plano Safra da história e queremos superar. Temos uma expectativa para a manutenção dessa tendência de redução de juros, foi uma tecla que batemos muito. Isso é fundamental para que (os produtores) possam pegar linhas de investimentos, tanto para capital de giro quanto para investimentos, isso interessa muito para a indústria da região. Vamos para Caxias para poder ouvir e consolidar parcerias.
Vai ser uma oportunidade de ouvirmos a comunidade. Como a Marcopolo, por exemplo. Estamos relançando o programa Caminhos da Escola, para aquisição de ônibus escolares, que foi um grande programa desenvolvido nos nossos governos e que foi abandonado. A Marcopolo foi a grande parceria desse projeto. A retomada desse projeto vai ter um enorme impacto para a Marcopolo e a região. Estamos muito entusiasmados. 2023 foi o ano do plantio, e 2024 vai ser o ano da colheita, e queremos fazer uma colheita farta e generosa, especialmente para o Rio Grande do Sul e particularmente para toda a região da Serra."
Importância da região
"A região da Serra gaúcha adquiriu uma importância para todo o Brasil, pela sua pujança econômica, pela sua história, por tudo aquilo que ela representa. Esse projeto de neoindustrialização que queremos desenvolver no Brasil, que tem como coordenador o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, tem na região de Caxias como uma das suas grandes prioridades. Então não há dúvida de que há um olhar, um compromisso especial do governo do presidente Lula com a região, e é isso vamos reafirmar amanhã."