O patrimônio histórico é assunto que está no centro das discussões de Caxias do Sul. À ocupação da Maesa e à preservação da Estação Férrea do Desvio Rizzo, junta-se o debate em torno da decisão que o Compahc (o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural) deve tomar nesta quinta-feira (13), a partir das 8h, em reunião virtual, sobre o pedido de demolição do prédio do antigo Moinhos Corsetti pelos atuais proprietários, a Ranpi Participações Societárias. A reunião está confirmada. A ideia é a construção no lugar de um complexo comercial ou misto, com parte residencial.
Essa é uma decisão complexa, pois, sob o ponto de vista técnico, a edificação já não se sustenta em seu interior e teria de ser reconstruída, com custo elevado, restando a fachada lateral como passível de preservação, como afirmou o arquiteto Celestino Rossi, que representa a parte requerente no Compahc. A própria fachada pela Rua Garibaldi, com a tentativa de implementação de projetos que ficaram pelo caminho, descaracteriza o prédio. Mas a fachada lateral, com a inscrição “Aveia Soberana” e uma coroa no meio, tem muita história. O conjunto tem história.
Na tramitação do processo de demolição, houve pareceres da Secretaria do Planejamento (Seplan) do município e da UAB (União das Associações de Bairros), ambos pela preservação. A Seaaq (Associação dos Engenheiros, Arquitetos, Agrônomos, Químicos e Geólogos de Caxias) pediu vistas e houve visitação para verificação do estado atual da edificação. Na reunião virtual desta quinta, a Seaaq deve dar seu parecer.
O Compahc se reúne hoje para opinar se acolhe ou não o pedido de demolição dos proprietários, podendo estabalecer ainda uma decisão total ou parcial. Lembrando que a decisão do Compahc não é definitiva, é uma recomendação, pois o conselho é um órgão consultivo e a prerrogativa caberá ao prefeito Adiló Didomenico.
Vale lembrar também que não se derruba simplesmente um prédio. Vão junto parte da memória e da história da cidade. Combinar todos esses aspectos e tomar a melhor decisão para a cidade é a missão que está nas mãos dos 20 integrantes do Compahc.
Vivacidade entra no debate
O movimento Vivacidade, que se define como um “laboratório de ativações urbanas” de Caxias do Sul, entrou no debate sobre o futuro do prédio do antigo Moinhos Corsetti.
A organização publicou texto em rede social para expressar sua posição sobre a decisão a ser tomada pelo Compahc a respeito do pedido de demolição da edificação.
A coluna publica a seguir os principais trechos:
“Não cai apenas concreto”
Defendemos uma avaliação imaterial dos imóveis, um olhar para as histórias que eles nos contam
MOVIMENTO VIVACIDADE
Em nota divulgada
“Sabemos que existem embasamentos técnicos e argumentos que podem, de alguma forma, justificar esse pedido de demolição. Porém, no nosso entendimento, patrimônio é muito mais do que isso. Defendemos uma avaliação imaterial dos imóveis, um olhar para as histórias que eles nos contam e para a relevância que tiveram no desenvolvimento da cidade (ou até mesmo da região). (...)
Sabemos que esse prédio que pretendem derrubar faz parte da história afetiva de muitos caxienses e somos contra essa demolição sem que exista, primeiramente, uma profunda discussão com a sociedade sobre outras possibilidades. Reforma? Restauro? Manutenção de uma parte?
Entendemos que demolição deve ser a última alternativa, quando realmente se descartou todas as outras após um longo e exaustivo debate com diversos setores. Quando se bota abaixo um prédio, não cai apenas concreto. Junto, desabam memórias. E, para nós, elas são um patrimônio que contribui muito para uma cidade viva e humana, a cidade que queremos.”
Marquises têm laudo técnico, diz secretário
Sobre nota do Mirante desta quarta-feira (12) de título Alerta sobre marquises, relativa ao prédio do antigo Moinhos Corsetti, em que o vereador Gilfredo De Camilis (PSB) observa que “as marquises estão caindo” e que já alertou o Executivo (por meio de indicação), o secretário de Urbanismo, Carlos Giovani Fontana se manifesta:
– Existe um responsável técnico atestando a condição estrutural (das marquises) até outubro de 2026 e que, muito anteriormente à indicação do vereador, a municipalidade já havia colhido o laudo técnico atestando as condições da mesma – destaca o secretário.