Há uma prática nos debates, que, se evitada, qualificaria bastante as discussões, colocando-as em um ambiente de convivência saudável com os diferenças de pontos de vista. A prática nefasta é a de desqualificar o contraditório. A sessão de quinta-feira (13/4), na Câmara Municipal de Caxias do Sul, quando os vereadores debatiam o futuro da Maesa, foi um prato cheio.
Como se sabe, há propostas distintas para a gestão e o controle da Maesa. A prefeitura tem a sua proposta, de parceria público-privada. Entidades comunitárias, como UAB (União das Associações de Bairros) e AMaesa (Associação Amigos da Maesa), têm outra, de fundação pública de direito privado. É legítimo e natural.
UAB e AMaesa prometem detalhar a proposta que defendem na audiência pública programada para terça-feira, na Câmara, organizada pela Comissão de Legislação Participativa e Comunitária (CLPC). Também foi criticada na sessão de quinta a proposta de tombamento da Maesa ao patrimônio histórico nacional, encaminhada pela deputada federal Denise Pessôa (PT) e pelo ex-vice-prefeito Ricardo Fabris.
O teor dos argumentos na sessão de quinta
A proposta alternativa das entidades e o pedido de tombamento foram torpedeados na sessão. Confira o teor dos argumentos:
* "Já está ficando chato esse debate", "até agora, só ouvi bate-boca", "polêmica desnecessária". Rafael Bueno (PDT), presidente da Frente Parlamentar A Maesa é Nossa
* "Todo esse debate me parece muita politicagem." Velocino Uez (PTB)
* "Parece que a ideia é justamente inviabilizar a discussão." Lucas Diel (PDT), líder do governo
* "Algumas pessoas estão puxando para trás." Tatiane Frizzo (PSDB)
Exercício de pensar diferente
Tatiane faz uma ressalva importante. Entende que há confusões no debate – que podem ser dissipadas com mais debate – e até sugeriu a criação de um "fato ou fake da Maesa".
Porém, boa ou má em seu mérito, a proposta alternativa, ainda a ser detalhada, e o pedido de tombamento são simplesmente o exercício de ter um entendimento diferente sobre um assunto importante para a cidade. Menosprezar ou enxovalhar diferenças políticas não contribui com o bom debate e com a democracia.