O ambiente foi de apreensão, tensão e comoção na sessão de ontem da Câmara, quando ainda não havia informações de um novo boletim médico sobre a saúde da vereadora Estela Balardin (PT). O comunicado veio depois apontando evolução em seu quadro de saúde que sinaliza para uma recuperação. Só então veio uma sensação de alívio. O vereador Elisandro Fiuza (Republicanos) pediu a palavra no momento inicial da sessão e convidou os colegas para uma corrente de oração pela recuperação de Estela .
A sessão foi curta, com três projetos em primeira análise e uma votação. Além da ordem do dia, as poucas manifestações foram carregadas de emoção e de reflexão, entre soluços e algumas lágrimas. Falaram os vereadores Rafael Bueno (PDT) e Lucas Caregnato (PT), com aparte da presidente Denise Pessôa (PT). Rafael e Lucas chegaram a questionar a validade de permanecer na vida pública, diante do teor de comentários agressivos e ofensivos nas redes sociais. Lucas também encerrou sua manifestação com uma prece.
Em comum nos pronunciamentos, algo que a coluna já apontou: a necessidade qualificar as manifestações no debate político e imprimir a elas, inclusive, um tom obrigatoriamente respeitoso, acima da política, que contemple, acima de tudo, a humanização das relações. Esse descuido há em vários momentos no debate político, inclusive na Câmara de Caxias, e gera consequências pessoais pesadas. A vereadora Denise tocou no ponto:
- As divergências são bem vindas, a gente vive num espaço democrático. Mas quando a nossa divergência gera violência, e essa violência, e a gente sabe que a vereadora Estela já tinha apresentado inclusive licença-saúde por problemas, os mesmos problemas que gerou... E a gente não tem o cuidado e a cautela com o colega, isso é ser desumano. (...) Por mais que a gente não faça isso, a gente é responsável pelo que a gente fomenta, pelo que a gente deixa inclusive em nossas redes sociais, pelas agressões que vão se somando dia a dia. Que a situação vivida pela vereadora Estela traga ensinamentos.
PARA REFLETIR
"O espaço de poder ele é um espaço de divergência, é um espaço de debate de ideias, mas ele precisa ser um espaço onde a gente não se aniquile, onde a gente não chute o joelho quebrado do nosso colega porque do contrário ele deixa de ser um espaço da democracia e passa a ser um outro tipo de espaço e é o que acontece com a Estela." Lucas Caregnato (PT)
"Eu sempre, já falei isso aqui para alguns vereadores, que, independente da política, a gente sempre tem que lembrar que somos seres humanos. (...) A gente é responsável pelo que a gente fomenta, pelo que a gente deixe inclusive em nossas redes sociais, pelas agressões que vão se somando dia a dia." Denise Pessôa (PT), presidente da Câmara
"Porque a Estela, além de ser uma vereadora, é um ser humano. (...) Em vez de ficarem massacrando uma pessoa que está num leito de UTI, olhem para o espelho, tentem refletir um pouquinho de luz. São pessoas vingativas. Às vezes, penso: será que vale a pena eu estar na Câmara Municipal e lutar por tipo de pessoas como essas? (...) Mas, talvez, colegas, quantos sinais ela deu aqui para todos nós?" Rafael Bueno (PDT)
"Nosso Deus e pai, em nome de seu filho Jesus Cristo, peço que o senhor, através de seus anjos, venha visitar Estela no leito do hospital. Respeitando os profissionais da medicina, o senhor é o médico dos médicos, o Deus do impossível. Que possa arrancar todo e qualquer mal capaz de impedir a vida dessa sua serva. Que ela venha se recuperar e ser um testemunho a todos nós. Que ela venha, meu pai, se recuperar e que possa ser um grande testemunho a todos nós." Prece do vereador Elisandro Fiuza (Republicanos)