O projeto que autoriza a prefeitura a injetar recursos públicos no sistema de transporte coletivo, conhecido como subsídio, passou com folga na sessão de ontem na Câmara, como se previa. Eram previstos dois votos contrários, dos vereadores Maurício Scalco e Mauricio Marcon, ambos com origem no Novo (Marcon hoje está no Podemos), que advogam a condição de liberais. Também votaram contra o subsídio ao transporte coletivo Gladis Frizzo (MDB) e Adriano Bressan (PTB). Com a aprovação do projeto, as passagens subsidiadas já devem valer na próxima quarta-feira (23/3), com impacto direto no bolso de quem precisa.
Não há solução de momento para o transporte coletivo que não seja a injeção de recursos públicos no sistema, sob pena de o serviço sucumbir, um serviço essencial à população, em especial de baixo poder aquisitivo. Tal condição é atestada pela aplicação deste recurso nas principais cidades grandes e médias do país, com experiência também em importantes cidades pelo mundo. Ainda assim, chamou a atenção o discurso contrário, sustentado especialmente pelos vereadores Marcon, Scalco e Gladis, ancorado na defesa da incompatibilidade entre atenção à saúde e educação e atenção ao transporte coletivo, como se a atenção a tais necessidades devessem ser excludentes. Uma linha de argumentação caricata, pois o mundo é complexo, e uma administração que se pretende moderna deve buscar atender a todas as demandas simultaneamente, equilibrando da melhor forma a distribuição orçamentária.
– A minha escolha aqui então é pela saúde, que está faltando exames, esse um milhão (subsídio mensal aproximado até o fim do ano) podia abaixar o número de exames. Você que está em casa e está dependendo de um exame, esse um milhão podia ser o seu exame, e não a passagem pública que querem baixar. Você que está sem vaga na creche, esse um milhão podia ser uma vaga para o seu filho – discursou Scalco.
Essa é uma visão administrativa recorrente e limitada, que se popularizou, de que não deve haver destinação de recursos públicos a outras áreas enquanto saúde e educação não tiverem seus problemas equacionados. Claro que saúde e educação são prioridades centrais, para valorização e proteção da vida e da cidadania. Mas a realidade tem uma série de outras demandas que precisam também ser atendidas. E transporte público é um serviço igualmente essencial.