Os primeiros movimentos da manhã desta terça-feira, Sete de Setembro, vão confirmando a expectativa de que o dia da pátria não será um dia de tomada de decisão. A nação chega à data com suas principais instituições em pé de confronto, como nunca se viu dessa forma antes. A corda esticada visível no discurso do presidente Jair Bolsonaro, especialmente naquilo que é direcionado a integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), é a estratégia adotada. Voltou a ser pauta no discurso desta manhã, em Brasília, falando na linguagem dos apoiadores e, ao mesmo tempo, é estilo do presidente. Mas, nos grupos de apoio a Bolsonaro, circula a percepção de que o 7 de Setembro é "um dia para as instituições ouvirem o que a sociedade quer", sintetiza uma fonte próxima ao presidente na capital federal. Essa leitura, pelo viés político onde tem origem, direciona o recado a ministros do STF, como tem feito Bolsonaro e voltou a fazer nesta terça. As manifestações pelo país, como previsto, são fortes. As mobilizações também são uma cartada de Bolsonaro, para recuperar competitividade eleitoral. Ele aproveita a data para um acúmulo de força política. Mas não haverá tomada de decisão. Tanto que o presidente esteve em Brasília pela manhã e participa de ato em São Paulo à tarde. Fosse dia de "tomada de decisões", o mandatário não arredaria pé de Brasília.
O Sete de Setembro também, nos discursos, é para ser dia de manifestações "ordeiras e pacíficas". Mas se os caminhos se cruzarem, eventual descontrole torna-se iminente, dada a tensão do momento. Em Caxias do Sul, a chuva forte se confirmou e suspendeu o Grito dos Excluídos, programação organizada pela Cáritas Brasileira, um organismo da CNBB, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, que reuniria movimentos sociais e representantes de partidos de esquerda. O tratoraço de apoio a Bolsonaro vem de Fazenda Souza à Praça Dante e está mantido. Assim, as chances de algum eventual enfrentamento se reduzem.
Tomara o Sete de Setembro se conclua sem contabilizar enfrentamentos pelo país. Os brasileiros precisam administrar melhor as diferenças e aprender a conviver com elas. É uma entre tantas reflexões possíveis para a data, para construirmos uma nação melhor.