O episódio político da semana que se encerrou foi a divulgação da foto de um almoço entre os ex-presidentes Lula (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em São Paulo. O almoço ocorreu dia 12, mas o registro só veio a público na sexta-feira. Aliás é uma imagem que permanecerá no centro do processo eleitoral de 2022, que já começou. Uma aproximação entre lideranças de dois partidos que foram ferrenhos oponentes até pouco tempo e experimentaram alternância no governo central. Com o advento da direita ao poder, expressa em Jair Bolsonaro na presidência, os ex-presidentes emitem um sinal, de que é preciso ampliar a frente para tirar a direita do poder. Na prática, algo que sempre se cobrou de partidos de esquerda e centro-esquerda, a capacidade de estabelecer parcerias e pontes políticas.
Lideranças do PSDB entendem que a iniciativa de Fernando Henrique desmobiliza uma eventual candidatura tucana. FH foi ao Twitter para se explicar: "Reafirmo, para evitar más interpretações: PSDB deve lançar candidato, e o apoiarei. Se não o levarmos ao segundo turno, neste caso não apoiarei o atual mandante, mas quem a ele se oponha, mesmo o Lula." Mas o estrago, para o PSDB, já estava feito. A imagem é muito poderosa, emblemática e tem força e significado político, a do diálogo entre os diferentes. Os petistas gostaram, pois amplia o espectro político para Lula e reforça a imagem de que não se trata de uma candidatura extremista.
Leite não gostou
O governador Eduardo Leite (`PSDB) não gostou da foto de Fernando Henrique com Lula. Confira o que ele postou em uma rede social: "Num país democrático, é natural que dois ex-presidentes possam conversar sobre política. Mas também é natural que não se esqueça da história. Conversar com todos é premissa de quem deseja o fim do "nós contra eles". Mas eu não aceito que o Brasil ande para trás. Confio que FH também não."
Repercussão em Caxias
"Dois ex-presidentes conversarem sobre a defesa da democracia, mesmo com diferenças entre si, deveria ser considerado uma coisa normal. Só não é para os intolerantes e extremistas." Pepe Vargas (PT), deputado estadual
"É uma atitude individual do ex-presidente Fernando Henrique. Não representa a posição do PSDB. Não acredito que tenha espaço para tal retrocesso." Adiló Didomenico (PSDB), prefeito de Caxias
"Na verdade, não há qualquer aproximação do PSDB com o Lula ou PT. O encontro foi de dois ex-presidentes. Não representa nenhuma tratativa política. O PSDB terá candidato a presidente, que não aceitará qualquer alinhamento com a esquerda radical." Ozório Rocha, presidente do PSDB de Caxias
"Sempre mantivemos o diálogo com todos. Divergimos em vários pontos, mas sempre prezamos pela boa política. Nesse momento precisamos, mais do nunca, dialogar, buscar saídas. Esses acenos , em relação ao FHC, é exatamente nesse sentido." Joceli Veadrigo, presidente do PT de Caxias