Não é simples passar do discurso e priorizar na prática o transporte coletivo. Uma das primeiras medidas da nova administração foi liberar a conversão à direita na esquina da Pinheiro Machado com Visconde de Pelotas. Foi adotada esta semana. É certo que se trata de acesso preferencial a quem quer deslocar-se para a populosa zona norte da cidade. Porém, na prática, a conversão permitida é obstáculo ao transporte coletivo, interfere no tempo de viagem, com reflexo na qualidade da prestação do serviço, e pode afastar passageiros. Serviço que precisa tornar-se competitivo, conforme é consenso geral.
Quem disse que seria simples administrar uma cidade do tamanho de Caxias do Sul?
A mobilidade no centro de Caxias é intrincada. A solução racional, presente em modernas cidades, e que tentou ser implantada no governo de Alceu Barbosa Velho, é o contorno do quarteirão. Mas aqui em Caxias isso é um gargalo terrível, pois exigiria trafegar pela Avenida Júlio, que tem pista liberada para um carro por vez. Não é possível. O desafio é encontrar outras alternativas, como oferecer rotas bem sinalizadas de acesso à Zona Norte, no caso específico, sem precisar cortar a frente dos ônibus, direcionando motoristas para que evitem conversões na Pinheiro, na Alfredo Chaves, na Marquês do Herval, e assim por diante. Significa sair da Pinheiro assim que possível e optar pela Vinte de Setembro, para quem vem da Zona Leste. Com sinalização orientativa visualmente clara e maciça sobre indicações de percurso, o que não se vê nas ruas. Cabe investir nessa sinalização. Vale o mesmo raciocínio para outras situações espelhadas pela cidade.
O fato inegável é que converter à direita na Visconde reduz a qualidade do transporte coletivo.