A cultura do cancelamento, expressão que costuma ser traduzida como deixar de consumir uma marca em retaliação a uma postura ou acontecimento relacionado a ela, tem muita força na internet.
É com base na repercussão nacional, e até internacional no caso das vinícolas, que muitos empreendimentos do ramo turístico da Serra temem impacto em seus negócios. A crise provocada pelo caso de Bento Gonçalves dos trabalhadores resgatados foi potencializada pelos comentários xenofóbicos de um vereador caxiense. Tudo isso “incendiou” ainda mais os comentários generalistas sobre a postura de consumo em relação à Serra, o que explica o receito de fontes ligadas aos empreendimentos turísticos da região com quem conversei.
Tanto é verdade que elas têm até medo de qualquer posicionamento oficial nesta hora. Mas o que a colunista conseguiu apurar é que, mais de uma semana após a situação vir à tona, o cancelamento da internet não se reflete na rede hoteleira, por exemplo. Não há informações de que os visitantes, com reservas programadas, tenham mudado seus planos alegando qualquer tipo de ligação com os episódios envolvendo os trabalhadores resgatados.
Mas o temor de efeitos de longo prazo permanece.
Condução da crise
Quanto mais explica, mais complica. Esta é a impressão que fica da condução da crise de imagem que a Serra enfrenta há mais de uma semana desde que mais de 200 trabalhadores foram resgatados em trabalho análogo à escravidão em Bento Gonçalves. Chegou o momento em que ações precisarão ser tomadas de forma mais contundente, seus efeitos sentidos para que a comunicação possa tentar reverter os estragos. Mas, para isso, é preciso união de forças.