Grasiela Tesser, 39 anos, assumiu a presidência do Conselho da Empresária da CIC Caxias na última semana pelos próximos dois anos. Diretora-executiva da NL Informática, ela também integra a diretoria de Inovação da CIC. É filha do ex-presidente da entidade Nelço Tesser.
Ao lado de Grasiela, a empresária Beatriz Caregnato da Silva foi empossada como vice-presidente. Ela é diretora da empresa Raiz Contabilidade.
Em seu discurso de posse, Grasiela Tesser afirmou que o desafio de assumir o Conselho, com seus 25 anos de história, tem relevância ainda maior. A seguir, confira um pouco mais da história de Grasiela e de seus planos à frente do Conselho:
Tens graduação em Direito pela Universidade de Caxias do Sul, mas antes se formou com técnica em Processamento de Dados pelo CETEC. São áreas diferentes. Como elas te ajudaram a se tornar uma líder?
Sou de uma família que vem da tecnologia. Nas minhas férias, eu gostava de ir na NL trabalhar do jeito que era possível. Era mais atrapalhar que trabalhar, mas eu adorava estar lá. E eu entendia que eu tinha que fazer algo relacionado à tecnologia. Eu fiz Processamento de dados no CETEC, mas foi onde eu descobri que não era para mim essa profissão. Precisa de forte concentração, foco, calma, silêncio... E eu não sou uma pessoa muito silenciosa, né? Resolvi, depois de muitos testes vocacionais apontando para Direito, por esse curso e foi superimportante. Depois que fui para a NL em definitivo. Completei 20 anos de empresa neste ano. Sempre atuei mais próxima da área comercial, da área de marketing, e o Direito nos dá muita noção de negociação, de que não existe uma verdade absoluta. De que a gente sempre tem que validar mais de uma versão para poder tomar uma decisão. Para o negócio que eu lidero ter estudado Processamento de Dados faz com que ninguém me passe para trás porque eu tenho a lógica, eu entendo de algoritmos. E o curso de Direito me deu a base em tudo. Para liderar eu acho que a gente precisa de um pouquinho de cada coisa, a gente precisa ligar um pouquinho do racional com o emocional. No meu caso, tenho a parte das Exatas pela Informática e das Humana pelo Direito. Então são complementares ao negócio que eu escolhi seguir e me dão uma visão importante de como liderar o meu time e como ter o respeito pelas diferenças.
Como é atuar em uma empresa familiar e coordenar toda a parte de inovação?
É uma causa que eu quero levar, inclusive, para a o Conselho da Empresária, que é o case da empresa familiar, porque é uma região que se desenvolveu em cima de empresas assim. Não é fácil liderar numa empresa familiar porque, até que se consiga respeito e a autoridade necessários, a gente passa por inúmeras provações. Para comprovar para todo o time que tu és competente e não é o laço sanguíneo que faz com que a gente esteja onde a gente está. Essa parte de inovação é uma coisa que eu gosto, porque eu gosto de estar em movimento, porque eu gosto de pesquisar, porque eu tenho ideias... Gosto muito dessa parte criativa, essa coisa da visão mais além, de olhar para fora. Isso também me traz um pouquinho dessa autoridade, desse certificado, digamos assim, de competência para que eu possa estar no cargo que eu estou. Mas foi uma construção, eu comecei muito de baixo. E, principalmente nos últimos quatro ou cinco anos, me fortalecendo como pessoa e como profissional para entender que eu também tinha competência necessária para estar onde eu estou hoje. Então não adianta as pessoas dizerem "tu é capaz", se a gente não se sente capaz. Meu pai segue como presidente da empresa, né? É um grande mentor para mim, mas eu tenho o desafio de fazer com que esses primeiros 41 anos da NL sigam por muito mais tempo. É muito gratificante saber que tem espaço para construção do meu momento e da minha história e a inovação. É uma empresa de tecnologia, é uma empresa que precisa estar ligada à inovação. Então, se eu não tiver esse olhar, se eu não tiver a competência para trabalhar a inovação, de fato, eu não vou ter credibilidade com o meu time.
Uma das áreas mais concorridas para atração de talentos é a de TI. Como vocês estão trabalhando esta situação?
A atração de talentos é dificíl, mas a retenção é mais ainda, principalmente depois da pandemia. A gente tem um histórico muito favorável na NL, reconhecida no mercado por formar bons profissionais profissionais. É bom, porque a gente sabe que tem competência para formar. Ruim porque a gente acaba sendo visado por muita gente que vem buscar recursos humanos conosco. Então, a gente tem fortalecido a nossa área de RH e de Gestão de Pessoas. Recentemente, tivemos um trabalho muito forte de gestão de cultura e estamos retomando um projeto nesse sentido que, por causa da pandemia ficou um pouco guardado, porque pessoas são o nosso ativo. A gente não tem maquinário, o que a gente tem são pessoas. A gente precisa ter um ambiente agradável, ter um ambiente que estimule a criatividade, que as pessoas se sintam bem trabalhando. A gente tem um ambiente maravilhoso aqui na NL, uma estrutura linda, arborizada, no Centro da cidade. Então, isso tudo chama profissionais, sem sombra de dúvidas. Mas a gente tem um trabalho muito forte de informação. Temos um programa, que a gente roda umas duas vezes por ano, de jovens talentos, com meninos e meninas de terceiro ano para formação. Os melhores a gente coloca em programa de estágio e dali tem vindo talentos incríveis. E tentando, junto com associações, como Trino Polo, fomentar o desenvolvimento em toda a cidade porque hoje é o nosso maior desafio. A gente acabou perdendo muito profissional durante a pandemia para oportunidades, inclusive, de fora do Brasil. A gente segue tendo que se reinventar todo dia para nos tornarmos atrativos para esses profissionais. E lembrando como o nosso mercado é um mercado que é muito rápido, né? Está sempre em constante ebulição e o que a gente faz hoje potencialmente não vai servir para a gente atrair talentos no ano que vem. Então a gente tem que ser muito rápido e tem que ser mais esperto que a máquina.
Na posse como nova presidente do Conselho da Empresária da CIC Caxias, fizestes um agradecimento ao teu pai por ter te levado à entidade. Há quanto tempo frequenta a casa do empresário, como você a chamou?
Meu pai foi presidente em 1998 e eu tinha uns 15 anos. É desde aquela época. Lembro de situações engraçadas, de participar de reuniões de diretoria ainda menina. Mas foi muito marcante participar dos pedágios que a gente fazia na Rota do Sol. Quando fui convidada para a diretora de inovação, era um momento de transição e fizemos coisas incríveis. A gente fez os fóruns de inovação e o momento mais bonito da diretoria foi quando a gente realizou o Innovation Day. A gente fez coisas que ninguém tinha feito. Até hoje não se faz muito em Caxias, como palcos simultâneos e tudo mais. Então, a gente conseguiu realmente tirar do papel uma coisa que eu acredito muito, que eu aprendi dos valores do meu pai, que é a cooperação, o apoiar o outro. E a gente quebrou barreiras fazendo um evento conjunto de três entidades.
Como pretende apoiar o empreendedorismo feminino?
Entendo que a gente tem dois papéis. Um deles é o de apoiar o empreendedorismo feminino. Mas tem um importante também que é o de trazer o olhar para o empreendedorismo como um todo. E eu acho que a gente tem esse lado mais humano, independentemente do campo de formação. E gente está tendo aí um desafio no dia a dia de todas as empresas de liderar diferente, de formar equipes mais engajadas, mais unidas, justamente pelo perfil do novo profissional que está no mercado. Eu acho que que a gente tem um olhar feminino, materno, que é importante para o negócio, mas a gente precisa, para conseguir fazer isso, que realmente as mulheres estejam fortalecidas e se sintam parte do processo. Que a gente não esteja aí empreendendo só por necessidade ou por obrigação, mas que a gente empreenda por vocação. Queremos focar em capacitação. A gente tem um braço de eventos que é importante e a gente vai continuar, assim como o voluntariado.
Ainda em teu discurso de posse, destacou as duplas, triplas e quádruplas jornadas da mulher. Como é a tua rotina? Como administrar essas jornadas?
A rotina é muito maluca, né? Então, eu tenho os meus dois pequenos, o Benjamin, que fez seis anos, e a Alice, que fez três. E eu voltei a fazer exercícios. Para eu conseguir manter minha rotina, às 5h estou fora da cama, faça chuva ou sol. Além de conciliar todas as atividades da NL, eu ainda tenho Rotary, que é uma coisa importante para mim pelas causas em que ele atua. Eu tenho a diretoria de inovação que continua morando no meu coração, fora outras atividades. E aí, obviamente, a NL e o e o papel de mãe. Então, para dar conta, estou na NL, praticamente, o dia todo, com o meu marido sendo um super braço direito para gente conseguir revezar com as coisas das crianças. Eu faço terapia também, porque, se não, eu já estaria maluca. E vou fazendo do jeito que é possível, priorizando cada vez mais o autoconhecimento, fortalecendo muito o o quanto eu tenho que me dar a devida importância para que eu realmente possa ser importante para os demais. Tenho uma rede de apoio maravilhosa, não só o Dani, tem a babá das crianças que também é incrível, meus pais... Fora isso, eu continuo palestrando, viajando...