O diretor-superintendente do Sebrae/RS, André Vanoni de Godoy, 58 anos, é de Caxias do Sul. Passa a semana em Porto Alegre, mas volta à cidade de origem em todos os finais de semana. Foram os colegas de sua terra natal que o homenagearam recentemente com o Mérito Administrador do Ano, premiação que ele mesmo criou há quase 30 anos quando presidiu a Associação dos Administradores da Região Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul.
Graduado em Administração de Empresas e Administração Pública pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e em Direito pela Universidade de Caxias (UCS), Godoy conta, a seguir, um pouco de sua trajetória na indústria da construção civil, na advocacia e no comando de um dos principais órgãos empresariais do Estado, que se prepara para organizar também uma edição histórica da Mercopar, a partir de 18 de outubro:
Quais são as tuas primeiras memórias de Caxias?
De morar na Avenida Júlio de Castilhos na área central e depois no bairro São Pelegrino. Sempre morei aqui, onde meus pais sempre trabalharam. Sou filho de construtor. Meu pai é engenheiro civil (Dagoberto Lima Godoy) e fundou a empresa em 1964. Desde que assumi a diretoria do Sebrae em 2019, passo a semana em Porto Alegre e os finais de semana em Caxias, onde cuido dos meus negócios próprios. Hoje moro no bairro Madureira.
Como foi a escolha profissional em uma família voltada para o ramo industrial e com irmãos médicos?
Minha primeira formação foi de Adminstração, depois fiz mestrado pela FGV em São Paulo, onde morei por uma época. Quando voltei, passei um ano trabalhando em Porto Alegre na construtora do meu pai que estava com obras na Capital. Quando voltei para Caxias, passei a trabalhar na minha incorporadora. Mas a verdade é que eu sempre tive uma atração muito forte pelo Direito e, nessa mesma época, mais estabilizado, resolvi cursá-lo na UCS e depois ainda fiz o mestrado na área. Quando meu pai parou com as atividades imobiliárias, a partir de 2016, eu resolvi montar meu escritório de advocacia em Caxias, com clientes também de Bento Gonçalves e Porto Alegre, atuando principalmente na área cível.
E a tua trajetória nas entidades empresariais se iniciou quando?
Comecei cedo, quando residi em Porto Alegre. Entrei para a Associação dos Jovens Empresários, quando tinha 20 e poucos anos. Depois participei da diretoria da ADVB/RS. Na sequência, enquanto eu estava nas atividades da indústria imobiliária, entrei para a diretoria da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), onde fiquei durante 18 anos. Foi onde eu conheci o Gilberto Petry (atual presidente da Fiergs). Eu entrei para Fiergs quando a presidência era do Renan Proença (1999-2005), de Bento Gonçalves, do grupo Fasolo. Quando passei para o Direito, não senti legitimidade para continuar minha atuação na entidade industrial e, muito embora tenha trabalhado para que o Petry fosse eleito presidenteda FIERGS, coloquei minha posição à sua disposição. Petry disse que aceitava que eu deixasse a Fiergs se, quando ele assumisse a gestão do Sebrae, em 2019, eu aceitasse o convite para assumir a superintendência da entidade. Fiquei um ano pensando e acabei aceitando a posição, que iniciei em 2019. Também já fui presidente do Conselho Deliberativo da CIC Caxias e sou membro do Conselho Superior.
Já são quase quatro anos no Sebrae. Qual o momento mais desafiador?
Foi a pandemia. Ter que administrar o Sebrae neste período, que é um prestador de serviços que fundamentalmente precisava estar em contato presencial com empreendedores, foi desafiador. Precisamos construir uma operação toda digital para continuar conectados e estarmos presentes em um momento de extrema necessidade das empresas. Conseguimos fazer a transição e até ampliamos nosso alcance territorial, criando soluções e produtos adaptados ao universo digital. Muitas empresas estão vivas até hoje pela ação de toda a nossa equipe.
E o título de Administrador do Ano foi uma recompensa por todo esse trabalho?
É uma distinção que me orgulha muito, primeiro por ser de Caxias. Como tem aquele velho ditado, de que “santo de casa não faz milagre”, ser reconhecido por meus colegas, na minha terra, me deixou muito feliz. Significa que meu trabalho fez diferença, que ajudei muita gente. Ainda mais porque, em 1993, quando o prêmio foi criado, eu estava no comando da entidade. Eu brinquei no dia que o recebi que não estava pensando em recebê-lo, 30 anos depois, quando o criei. E também é um reconhecimento de uma associação de 37 anos, uma marca expressiva para uma entidade de classe.
No próximo mês teremos a Mercopar, marca importante da tua carreira. Como foi administrar a feira nos últimos anos e como será em 2022?
Tem sido muito recompensador, porque a Mercopar, antes da minha gestão no Sebrae (promotor da feira), vinha em uma trajetória descendente. O modelo de feira estava praticamente vencido. Estava claro que ela precisava mudar o foco para incorporar a inovação para a indústria. Em 2019 ela já foi maior que em 2018. Teve um crescimento muito expressivo em expositores, em receita, e voltou a ter visibilidade. De lá para cá, mesmo com a pandemia, cresceu. Fato que nos orgulha muito, a Mercopar foi a única feira industrial realizada no Brasil em 2020, porque tivemos um planejamento bem feito para estabelecer um protocolo de segurança sanitária que serviu de exemplo para o país. A de 2021 foi a maior feira de toda a sua história. E esse ano, vamos superar a edição anterior. Voltaremos a ocupar todos os pavilhões da Festa da Uva. Completamos a reconstrução da Mercopar. Em 2022, ela crescerá 60% em área de exposição e terá quase o dobro de expositores. O convênio que fizemos com a Fiergs a partir de 2019, em que ela passou a ser corealizadora, ajudou bastante. É um momento muito bacana, especialmente para mim, como filho desta terra, entregar uma Feira desta dimensão para Caxias.