Embora metaverso seja uma das palavras mais mencionadas na NRF 2022, considerada a maior feira do varejo do mundo, realizada em Nova York, o universo virtual em que grandes marcas já estão comercializando seus produtos talvez demore um pouco mais para chegar na Serra. Mas vai chegar...É o que afirmam alguns dos empresários da região que estiveram por lá na última semana. Uma malharia da Serra inclusive já está providenciando roupas para avatares. NRF significa National Retail Federation, a maior associação de comércio varejista do mundo, que organiza o evento.
Os participantes da Serra contam, a seguir, quais suas impressões sobre as principais tendências do varejo e o que pode ser transportado de Nova York para a realidade local:
Maria de Lourdes Anselmi, fundadora da Malharia Ansemi, de Farroupilha
"Com certeza vamos entrar neste mundo do metaverso. Temos que estar sempre inovando e esta é a nova tecnologia do momento. Os avatares vão usar nossas malhas. Já estamos desenhando os produtos no metaverso para vestir os avatares também de Anselmi. No início, parecia maluco, mas quando fomos convidadas no evento a criar os nossos avatares, percebemos que tem sentido. Faltava um tricô para os avatares. E já encontramos aqui em Nova York uma pessoa que vai desenhar isso.”
Thiago Giaretta, da Produspet Pet Studio, de Nova Prata
"A questão de como vender para o cliente é o que mais me chamou a atenção, reforçando não, simplesmente, a venda do produto, mas a experiência. É estar onde o cliente está. É algo muito palpável, que a gente consegue fazer. A questão do metaverso é muito distante para nossa região, até para o Brasil, mas o comércio virtual, o atendimento personalizado, tudo isso é algo que os empresários da Serra podem trabalhar muito. Fazer um levantamento de dados dos clientes, entender o perfil e saber como atendê-lo melhor. Eu vou implantar esse atendimento personalizado a partir do estudo de como o cliente quer ser atendido.”
Veronicah Sella, cofundadora da Criamigos, de Gramado
"Nesta edição da NRF surgiu mais um elemento, além de clientes e equipes. Se falou muito de comunidade. De como o nosso negócio pode estar contribuindo para diminuir o lixo, como ter produtos duráveis, investir em economia circular. No nosso caso, que é brinquedo, como recolher e levá-los para outro que precisam. Muitas grandes empresas estão com compromissos muito audaciosos. E vejo que para nós, pequenos, é mais fácil de colocar em prática. Do metaverso, também vimos que já é uma realidade. Grandes marcas já estão desbravando esse mundo. Nós, pequenos, precisamos estar atentos! É presença de marca. No nosso caso, com um público muitos jovem, temos que colocar o pé no acelerador. Além disso, foi destacado que precisamos atender o cliente onde ele estiver: WhatsApp, lives, e-commerce, loja física. Ele escolhe! Também chamaram a atenção para as pessoas que estão doentes. Precisamos cuidar da nossa equipe e também dos clientes. E a experiência continua muito em alta, é proporcionar diversão, convivência com a loja e ter propósito.”
Grasiela Tesser, gestora da NL Informática e diretora de inovação da CIC Caxias
"Em grandes temas, se falou bastante em metaverso, mas mais do ponto de vista inspiracional. Mas isso chamou a atenção para um conflito geracional. Essa geração que está nascendo vai compartilhar desse universo de uma maneira diferente de quem já está com 30 anos ou mais. Quem está vindo agora aceita muito bem essa ideia de universo expandido. Na área de tecnologia, a gente viu que elas estão aterrissando de fato. Nesta edição, vimos a evolução. Saiu da inspiração e foi realmente para o negócio, que está usando muitos dados para direcionar ações. Também vimos muito robôs. A robótica está dominando estoques de armazém, limpeza... As primeiras palestras também pareciam que eram no Brasil. Falavam de problemas de inflação, logística, coisas que nunca viveram. E agora eles estão com prateleiras vazias. Apresentaram dados que 54% da operação do varejo pode ser robotizada. As empresas também têm de entender que precisam ter uma identidade digital. Foi uma NRF pé no chão que falou muito de propósito e eficiência operacional. E que é preciso querer implementar isso nos nossos negócios e não ter medo de arriscar um pouco mais, porque os resultados vêm.”
Daiane da Silva, da Pórtico Móveis, de Bento Gonçalves
"Os assuntos abordados e que voltam para nossos negócios para nos inspirar foram muito pautados em novas tecnologias. Foi muito falado sobre sustentabilidade, empoderamento do cliente, metaverso... Tudo isso baseado na experiência do cliente, para que possa proporcionar a ele o consumo de uma forma incrível. E fala-se de tudo isso com transparência, com o compromisso que nossas empresas precisam ter com a comunidade. A gente fala de uma escala de fornecedores, clientes, colaboradores, mas também de comunidade. Esse é o nosso compromisso. Voltamos muito entusiasmados para 2022, porque grandes CEOs que palestraram estão com otimismo nesse momento pós-pandemia. A gente surfa nessa onda para voltar para nossas operações e colocar em prática, inclusive com vários tópicos na gestão para que a gente possa melhorar.”