O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Farroupilha tem 42 anos, mas, apesar de jovem, tem muitas histórias diferentes na sua trajetória. Juliano Tofolo começou sua carreira profissional como garçom, depois chegou a ser figurante de novelas e filmes e vocalista de uma banda de baile.
Em paralelo, ele completa mais de 20 anos como empreendedor. Está à frente da loja de filtros e purificadores Planeta Água. No início do ano passado, assumiu o comando de uma das entidades empresariais mais antigas de Farroupilha com um desafio que já era grande, o de entregar a revitalização da antiga Estação Férrea da cidade. E o desafio se tornaria ainda maior com a chegada da pandemia.
A seguir, um pouco da trajetória de Tofolo e das expectativas para o varejo em uma das maiores cidades da Serra.
Além de comerciante, presidente da CDL Farroupilha, você também é músico. Como foi o início da tua trajetória profissional na Serra?
Sou natural de Ciríaco, no norte do Estado, mas cheguei em 1995 em Farroupilha. Eu estava no seminário em Marau e resolvi vir com os meus pais para a Serra porque o meu irmão tinha vindo antes. Eu tinha 19 anos e comecei como garçom em um restaurante. Dois anos depois, meu irmão começou o negócio com filtros de água e eu virei sócio. A Planeta Água surgiu no ano 2000. Eu acabei ficando com a loja, que comprei da minha irmã. Isso vai fazer 15 anos. Como eu fui seminarista, também aprendi a tocar instrumentos musicais. Fiquei no Rio de, onde estudei na Escola de Música Villa-Lobos. Lá também fiz curso de ator e figuração na Globo, em filmes e novelas como O Clone. Onde mais trabalhei foi na série Os Normais. Quando voltei a Farroupilha, criamos a banda Explosão Nacional, banda de baile que atuou até cerca de quatro anos. Eu era vocalista e toco violão e sax. Depois da Boate Kiss, muitos salões precisaram se adequar e muitos fecharam. E as bandas de médio porte ficaram com pouco espaço. Fizemos cálculos e resolvemos parar e vender tudo.
Como começou a tua atuação na CDL de Farroupilha?
Eu fui convidado a integrar a diretoria por uma vendedora que veio fazer uma campanha. Opinei em algumas situações e ela disse para eu fazer parte para expor essas ideias. Isso foi há seis anos. Entrei na presidência de eventos. Na gestão do então presidente Roberto Custódio, fui vice. E aí insistiram para que fosse eu o próximo presidente. Aceitei, mas já era um desafio, porque tinha a entrega da Estação Férrea para ser feita. Isso foi no início do ano passado. Quando iniciei, nem sabia que ia dar esse estouro da pandemia.
E como está o varejo de Farroupilha, todo este tempo desde o início da covid-19?
Esse mês de setembro estamos sentindo que as coisas estão se alinhando mas, até o mês passado, não tinha voltado o movimento. As pessoas estavam retraídas também porque subiram os preços. Em relação à pandemia, agora está mais tranquilo. Agora é essa questão política que mais preocupa. Essa instabilidade nacional, porque têm mercadorias para vir. Há o temor de faltar mercadoria bem no momento em que se começava a engrenar nas vendas. Agora é o momento de vender. As pessoas saem mais e compram mais. Estamos na expectativa.
Farroupilha também se destacou, antes da pandemia, por eventos como a Noite Branca no final do ano, que mobilizava o comércio à noite. Isso deve voltar?
Os eventos na cidade devem e vão voltar a ocorrer. A Noite Branca era organizada pelos próprios comerciantes e a CDL sempre foi muita parceira. Temos que ter esses movimentos e atrativos diferentes, para o próprio consumidor local ou de outras cidades da região virem conhecer. Acreditamos que, até o final do ano, isso vai voltar, mas talvez em um formato um pouco diferente. Tentamos drive-thru mas não funcionou bem. Acredito que assim que liberar um pouco mais para eventos com as pessoas nas ruas devemos voltar a fazer, principalmente no final do ano. A minha diretoria percebeu também a importância de ser mais parceiro de outras entidades e prefeitura. Unindo forças, tudo sai maior e melhor. A pandemia trouxe essa aproximação, de se unir para defender o mesmo objetivo.
A entidade também se mobilizou muito para incentivar a compra no comércio local no início da pandemia. Como está isso agora?
Em Farroupilha, as pessoas gostam de comprar presencial, de ir até a loja. Muitos precisaram se reinventar para manter negócios. Mas fizemos várias campanhas para valorizar o comércio local e a população vem demonstrando que aderiu. Tiveram muitas lojas que não fizeram site e, mesmo assim, conseguiram se manter. Buscaram outros meios, venderam pelo celular, entregaram em casa... A previsão inicial de que iam “quebrar” muitos negócios, aqui não aconteceu. Os poucos que fecharam é porque estavam com problemas anteriores. A maioria reduziu custos e conseguiu se manter. A gente viu pelos associados. Alguns, que no início chegaram a ter que interromper os pacotes conosco, já voltaram. No início deste ano aumentamos o número de associados.
Recentemente, vocês inauguram a Estação Férrea para marcar também o cinquentenário da entidade. O que vem pela frente a partir de agora?
A gente aproveitou o aniversário (em 27/8) para inaugurar as obras. Nós também temos uma campanha na rua, que é um festival de prêmios, em que a cada mês realizamos sorteios e que vai culminar com a entrega de um carro. Fazíamos campanha desse porte sempre em parceria. Mas, neste ano, fizemos sozinhos em homenagem aos 50 anos. Também tínhamos programado palestras e jantares para este ano, mas que cancelamos em função da pandemia. O que vamos retomar agora é a programação de cursos. Estamos retomando aos poucos, com treinamentos presenciais. E utilizamos a área da Estação Férrea para movimentos culturais em prol do comércio, da comunidade de Farroupilha.