Diretor de Relações Institucionais da Marcopolo _ atuante em importantes entidades da Serra, como a CIC, o Simecs e o Mobi Caxias _ Ruben Bisi manifestou preocupação com dois temas que estão no radar das indústrias da região nos últimos dias. Um deles é a situação energética do país. O outro é o modelo de pedágio que será adotado no Estado e o impacto para o escoamento da produção regional.
Em entrevista na manhã desta sexta-feira (18) ao programa Gaúcha Atualidade, da rádio Gaúcha, Bisi contou que representantes das indústrias da Serra tiveram uma reunião nesta semana com a RGE, que afirmou não haver risco de faltar energia. Mesmo assim, a preocupação do representante da indústria é que em nível nacional a escassez de água, que afeta a principal matriz energética brasileira, possa impactar o Produto Interno Bruto (PIB) e a economia em geral.
O Ministério de Minas e Energia também vem estudando um plano que permita à indústria nacional remanejar o consumo fora do horário de pico. Mas a operação de “ligar” e “desligar” o turno de uma empresa é uma tarefa complicada.
— Na nossa região, o setor ligado ao transporte, Marcopolo e fornecedores, está com capacidade ociosa em função da pandemia. Essas conseguem se adequar, trocar horários, mas as indústrias ligadas ao agronegócio, com três turnos, não têm como realocar — exemplifica.
O executivo destaca ainda que o aumento do custo de energia se soma aos elevados custos de matérias-primas já enfrentados pelas indústrias e aos problemas logísticos.
“Quem vai pagar a conta é o usuário”
Ao ser questionado sobre o modelo de pedágio apresentado pelo governo do Estado nesta semana, Ruben Bisi disse que há o entendimento que sem pedágio não há como ter estradas com qualidade e segurança, mas fez algumas considerações:
— Admitimos que tem que ter, mas a que preço? O que nos preocupa é a outorga. O Estado ganha muito dinheiro na outorga em relação ao pedágio. E a outorga quem vai pagar a conta é o usuário — afirmou na entrevista.
Bisi acrescentou ainda que a região tem um dos maiores custos logísticos do país e não tem nenhuma via duplicada para a Capital e centro do Brasil. Quando à crítica em relação à outorga, que é a contrapartida da concessionária ao Estado, o diretor esclareceu que a sugestão é que o Estado use esse valor para melhorar o entorno das estradas que englobam os trechos concedidos, em vez de colocar no caixa-único, onde o valor pode ser usado para outros fins.